Título: Acesso ao sistema financeiro é desafio
Autor: Adriana Cotias e Denise Bueno
Fonte: Jornal do Brasil, 19/04/2005, Economia & Negócios, p. A20

Tornar o crédito e os serviços financeiros acessíveis às diversas classes de renda e empresas é o principal desafio dos bancos que atuam no Brasil no cenário de crescimento que se desenha. O aumento da demanda, a inclusão bancária e a ampliação dos canais de distribuição estão entre as ações que têm norteado o dia-a-dia daqueles que manejam o negócio de intermediação no país.

Como a relação crédito/PIB restringe-se a 26,7%, é consenso entre os representantes da área de que a fatia está muito aquém das potencialidades nacionais. Segundo Márcio Cypriano, presidente do Bradesco (listado nas três categorias do Fórum de Líderes Empresariais - Imagem Empresarial, Líder Estadual e Setorial), é preciso transformar a tomada de empréstimos num ato corriqueiro.

- Nos últimos meses tomamos várias atitudes no sentido de desenvolver mecanismos de ampliação do acesso como convênios de empréstimos consignados, parcerias com redes de varejo, criação do correspondente bancário e microcrédito. Por efeito, o volume de crédito já apresenta mais dinamismo - disse.

O mote do crescimento dos bancos no Brasil será justamente o varejo, segundo o presidente do HSBC (líder estadual pelo Paraná), Emilson Alonso, já que as grandes empresas têm mecanismo de financiamento via mercado de capitais.

- O acesso ao crédito será a válvula de alavancagem econômica no biênio 2004-2005.

De fato, as operações de crédito pessoal cresceram 46%, a R$ 46,7 bilhões em 12 meses encerrados em fevereiro, a despeito do aumento do juro básico de 16% para 19,25% ao ano. E boa parte do bolo já é representada pelo empréstimo consignado, que atingiu R$ 13,6 bilhões, ou 29% do estoque na modalidade. No mesmo período, as operações com recursos livres (inclusive para empresas) cresceu 24,3%, para R$ 284,5 bilhões.

E a evolução do crédito se deu em meio a um ciclo de alta dos juros, lembra a presidente do Banco Rural, Kátia Rabelo (líder empresarial setorial).

- Se conseguirmos sustentar esse crescimento do mercado, as empresas e as pessoas tomam mais crédito e esse volume cresce junto com o PIB.