O Globo, n. 31569, 12/01/2020. País, p. 7

Um quinto da Câmara mira disputas municipais



Um quinto da Câmara avalia entrar em campanha para disputar prefeituras em 2020. Levantamento do Globo identificou pelo menos 104 dos 513 deputados federais, de 22 estados, como possíveis candidatos nas eleições municipais de outubro, com base em declarações públicas, manifestações partidárias ou informações de bastidores. Neste ano, os parlamentares terão uma vantagem competitiva em relação aos demais postulantes, já que têm controle sobre o Orçamento impositivo, podendo destinar uma verba 46% maior do que antes aos seus próprios currais eleitorais. Com a mudança na lei em 2019, o governo federal agora será obrigado a pagar todas as emendas parlamentares, individuais e de bancadas. Além disso, pela primeira vez, as transferências para os municípios não precisarão passar pela Caixa Econômica Federal.

— É obrigatório destinar essa verba para saúde e educação, mas o parlamentar tem como usar isso como promessa de campanha — diz o cientista político Antônio Testa, professor aposentado da Universidade de Brasília (UnB). As mudanças fortalecem o Congresso e favorecem deputados que destinaram emendas no Orçamento de 2020. A regra eleitoral impede transferências a municípios nos três meses anteriores à eleição municipal, o que diminui o pagamento de emendas durante o período eleitoral. Isso não impede, porém, que a apresentação da emenda ou pagamentos feitos no início do ano sejam usados como trunfo. Cidades que estão entre os maiores colégios eleitorais do país, São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Belo Horizonte e Recife têm de cinco a oito deputados, cada uma, entre os pré-candidatos no início deste ano. Em alguns municípios, como a capital paulista, há disputas de parlamentares do mesmo partido pela oportunidade de tentar a sorte nas urnas.

Disputa carioca

No Rio, Marcelo Freixo (PSOL) deve disputar sua terceira eleição consecutiva para a prefeitura. Os outros deputados que tentam se viabilizar para a disputa são Benedita da Silva (PT), Marcelo Calero (Cidadania), Alessandro Molon (PSB), Clarissa Garotinho (Pros) e Hugo Leal (PSD), além de Otoni de Paula (PSC), que busca o apoio de Bolsonaro. Amigo do presidente, Hélio Lopes (PSL) também teve seu nome ventilado nos últimos meses. Outros congressistas devem ainda se envolver no pleito patrocinando candidaturas para se fortalecer em seus redutos eleitorais. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEMAP), por exemplo, viajou para o Amapá logo após o início do recesso, em dezembro. Ele deve permanecer no estado até o fim deste mês, percorrendo os municípios e inaugurando ou visitando obras viabilizadas com recursos de emendas parlamentares. E aproveitar para organizar o partido para as eleições de outubro.

Deputados que devem ser candidatos nas principais capitais:

>Rio

> Marcelo Freixo (PSOL)

> Benedita da Silva (PT)

> Hélio Lopes (PSL)

> Otoni de Paula (PSC)

> Marcelo Calero (Cidadania)

> Alessandro Molon (PSB)

> Clarissa Garotinho (Pros)

> Hugo Leal (PSD)

> São Paulo

> Joice Hasselmann (PSL)

> Carlos Zarattini (PT), Alexandre Padilha (PT) ou Paulo Teixeira (PT)

> Celso Russomanno (Republicanos)

> Orlando Silva (PCdoB)

> Alexandre Leite (DEM), como possível vice de Bruno Covas (PSDB)

> Salvador

> Lídice da Mata (PSB)

> Nelson Pellegrino (PT)

> Sargento Isidório (Avante)

> Alice Portugal (PCdoB)

> João Carlos Bacelar (PL)

> Félix Mendonça Jr. (PDT)

> Belo Horizonte

> Áurea Carolina (PSOL)

> Rogério Correia (PT)

> Domingos Sávio (PSDB) ou Eduardo Barbosa (PSDB)

> Igor Timo (Podemos)

> Reginaldo Lopes (PT)

> André Janones (Avante)

> Júlio Delgado (PSB)