Título: Agilidade na votação do desarmamento
Autor: Karla Correia e Paulo de Tarso Lyra
Fonte: Jornal do Brasil, 20/04/2005, País, p. A4

Defensores pedem celeridade à Câmara

Defensores do desarmamento, incluindo parlamentares, religiosos e representantes da sociedade civil organizada, reuniram-se na manhã de ontem para defender a celeridade na votação do decreto-legislativo que define a pergunta do referendo de outubro. Anunciaram também que o dia 15 de maio será simbólico para a causa, transformando-se no Dia Nacional do Brasil Sem Armas.

- Todas as catedrais do país abrirão para que, com o apoio da Polícia Federal, as pessoas possam entregar suas armas - confirmou o deputado Raul Jungmann (PPS-PE).

Preocupados com a demora na votação do projeto sobre o referendo os representantes da sociedade civil pediram ontem empenho do presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE). O arcebispo de Mariana, Dom Raymundo Damasceno, aproveitou a ''visita de retribuição a Severino'' para tocar no assunto.

- Quando aqui cheguei, me deparei com este assunto e aproveito para pedir que o senhor agilize a matéria - solicitou Dom Damasceno.

Severino Cavalcanti garantiu ao religioso que, se dependesse apenas dele, o projeto do referendo seria votado de imediato e voltou a alfinetar o Planalto. O presidente da Câmara reclamou do excesso de medidas provisórias - já que dez MPs trancam a pauta de votações da Casa há duas semanas. Severino aproveitou a intenção dos defensores do desarmamento de marcar uma audiência com Lula para mandar seu recado.

- Aproveitem para pedir ao presidente que cobre o empenho da bancada governista para limpar a pauta. Peçam também para limitar o envio de novas MPs - cutucou.

Severino garantiu não ter posição pessoal sobre a matéria. Acrescentou que, por conta do cargo, se vê obrigado a ouvir a opinião da sociedade, representada na Casa pelos parlamentares.

Apesar das dificuldades, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, é otimista:

- No Brasil, não é possível governar sem MPs. Mas temos margens de segurança e, se votarmos na Câmara até o fim de abril, temos condições de fazer o referendo até 2 de outubro.