O Globo, n. 31573, 16/01/2020. Mundo, p. 21
Governo Bolsonaro tira país de órgão regional
Eliane Oliveira
O governo do presidente Jair Bolsonaro decidiu retirar o Brasil da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac). Fontes com conhecimento no assunto disseram que a medida se deve, entre outros motivos, à presença de ditaduras no bloco, como Cuba e Venezuela — esta última representada na Celac pelo chavista Nicolás Maduro. A nova posição teria sido comunicada na última terçafeira aos associados.
Criada em fevereiro de 2010, durante uma reunião de cúpula do Grupo do Rio, no México, a Celac tem 33 membros. Na época, o presidente do Brasil era Luiz Inácio Lula da Silva, hoje um dos maiores adversários políticos de Bolsonaro.
Um dos idealizadores da Celac, o então presidente do México, Felipe Calderón, defendia que a comunidade tivesse como objetivo projetar globalmente a região em temas como o respeito ao direito internacional, a igualdade entre Estados, o respeito aos direitos humanos e a cooperação. Os principais pilares eram a solidariedade, a inclusão social e a complementaridade.
Desde então, o contexto político na América Latina mudou, com a eleição de governos à direita no Uruguai, no Brasil e no Chile. O Brasil e vários países da região, por exemplo, não reconhecem o governo do venezuelano Nicolás Maduro, e apoiam o autoproclamado presidente da Venezuela, Juan Guaidó, que é reconhecido por mais de 50 governos.
O regime comunista cubano também é rechaçado por Bolsonaro. O presidente já desfechou vários golpes contra Havana, sendo os mais conhecidos o fim do programa “Mais Médicos” e o apoio ao embargo econômico a Cuba pelos Estados Unidos.