Título: Desinformação sacrifica hospitais
Autor: Ricardo Albuquerque
Fonte: Jornal do Brasil, 20/04/2005, Rio, p. A16

Cadastro Nacional do SUS apresenta dados defasados sobre leitos nos hospitais públicos da Região Metropolitana

crise na saúde do Estado do Rio de Janeiro está sofrendo de um novo mal: a falta de informações corretas e atualizadas sobre o número de leitos disponíveis. A conclusão é do presidente da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, Alexandre Cardoso (PSB), que criticou a defasagem do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES). - Como alguém pode planejar e fiscalizar os gastos com a saúde se temos um cadastro nacional que não serve rigorosamente para nada? - criticou Cardoso.

O desencontro de informações no cadastro do Sistema Único de Saúde (SUS) provocou o cancelamento da visita, prevista para ontem à tarde, ao Hospital Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, e ao Hospital da Posse, em Nova Iguaçu, depois de constatar que as 300 vagas de pediatria e 22 de UTI não existem há mais de três anos na cidade de Nova Iguaçu.

- O que nós poderíamos fazer na região, se a própria diretora do hospital nos garantiu que as informações estão completamente equivocadas? - justificou o deputado.

A diretora do Hospital da Posse, Sueli Pinto, disse que aumentar o repasse dos recursos é insuficiente para resolver o problema, porque os municípios desconhecem a realidade de suas necessidades na área de saúde. A médica participou, ontem pela manhã, da primeira reunião da Comissão de Saúde da Assembléia com a comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara, prefeitos e secretários de municípios da Baixada Fluminense, Niterói e São Gonçalo.

Em Duque de Caxias, o número de leitos cadastrados para pediatria caiu de 634, em 1992, para 93, em 2005. Em virtude da defasagem, o deputado Alexandre Cardoso pediu aos representantes dos municípios da Baixada Fluminense que fizessem um levantamento detalhado sobre a situação de leitos dos SUS e de hospitais conveniados ao sistema.

- Acredito que de 65% a 70% dos leitos cadastrados não existam. Com essa desatualização, as prefeituras são as mais prejudicadas. Quero fazer um levantamento comparativo para averiguar o motivo do fechamento de leitos na região - explica.

Nilópolis tem cadastrados no SUS 210 leitos de clínica médica e 110 de clínica cirúrgica. De acordo com o prefeito Farid Abrão David, os números também não correspondem à realidade.

- A população do meu município não sobrecarrega os hospitais do Rio. Dos 190 mil casos atendidos em Nilópolis, apenas 200 foram transferidos para a capital - contabiliza o prefeito Farid Abrão David.

Na segunda-feira, a Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados deverá receber um relatório sobre gastos da intervenção federal nos hospitais do Rio de Janeiro, com informações sobre a compra de medicamentos e o custo dos pacientes para as unidades sob intervenção.

- Precisamos dessas informações para que a população tenha ciência de quanto está sendo investido na saúde desde a intervenção - diz Cardoso.