Título: Exame detecta vestígios de sangue
Autor: Marcello Gazzaneo
Fonte: Jornal do Brasil, 20/04/2005, Rio, p. A17

Luminol foi usado em Gol prata usado na chacina

Peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) encontraram vestígios do que pode ser a prova determinante para chegar aos autores da chacina de 29 pessoas em Nova Iguaçu e Queimados, na Baixada Fluminense, no dia 31 de março. O exame com luminol no Gol prata, que teria sido usado no crime pelos PMs acusados, deu positivo, revelando presença de material que pode ser sangue. Caso seja confirmada a presença de sangue, uma amostra do DNA será confrontada com os DNAs das vítimas da matança. O resultado, segundo o diretor do Departamento de Polícia Técnico-Científica, Roger Ancillotti, deve sair em uma semana. A reação positiva ao luminol se deu em todos os tapetes de borracha do veículo, mas com maior intensidade nos que estão localizados nos bancos traseiro e dianteiro direitos. O reagente também deu positivo no carpete da mala do Gol. Na avaliação de Ancillotti, o resultado positivo com o luminol pode ser fundamental para o inquérito, que está na fase final de produção de provas técnicas. No mesmo carro, também foram encontrados cartuchos de bala iguais aos recolhidos em dois pontos da chacina.

Apesar de o resultado ainda não ser definitivo, o diretor do ICCE, Liu Tsun Yaei, garantiu que são grandes as chances de ser sangue o material encontrado no veículo.

- O padrão de cor que encontramos na reação do luminol é bem próximo de sangue - disse o diretor do ICCE.

Se for confirmado que o material encontrado é sangue, as primeiras comparações de DNA serão feitas com as amostras de sangue coletadas em dez das 29 vítimas. As outras serão feitas posteriormente, porque o DNA terá que ser coletado a partir de amostras biológicas, como tecido e cabelo, recolhidos dos mortos.

A reação positiva do luminol se tornou importante porque até o momento os exames de balísticas não deram resultado positivo. Segundo Ancillotti, já foram feitos 631 exames de balística em mais de 120 armas. Outras 104 armas estariam sendo encaminhadas ao ICCE para novos testes.

Por enquanto, já foi confirmado que pelo menos quatro tipos de armas foram usados na chacina, a partir dos cartuchos encontrados no Gol e nos locais do crime e nos projéteis retirados dos corpos: .40, .380, 9m e 38. Também foi possível detectar seis atiradores, que a polícia espera identificar a partir dos exames de balística.

A quantidade de exames que ainda tem que ser feita deve levar a polícia a pedir a prorrogação do prazo da investigação e também das prisões temporárias dos 11 PMs acusados, que começam a terminar no dia 29 deste mês. Ontem, segundo o delegado Rômulo Vieira, da Delegacia de Homicídios da Baixada, a polícia iria pedir a prisão temporária de três PMs que já haviam sido presos pela Polícia Federal.