Título: Pacientes desconfiados
Autor: Mariana Filgueiras
Fonte: Jornal do Brasil, 22/04/2005, Rio, p. A15
No primeiro dia em que voltou à administração municipal, a única mudança evidente no Hospital Souza Aguiar era a ausência da faixa que ficava na entrada, avisando que o hospital havia sido requisitado pelo Ministério da Saúde. As filas não estavam longas, mas, segundo funcionários que não quiseram se identificar, o movimento reduzido era por causa do feriado. A dona-de-casa Elisabeth Martins, moradora de Bonsucesso, levou a filha de três anos, que acordou com uma infecção nos olhos, para ser atendida. Apesar de não ter demorado mais do que 20 minutos na fila, Elisabeth revoltou-se ao descobrir que o hospital não dispunha do medicamento indicado pela oftalmologista.
- O que adianta ser atendida se não tem o remédio? Eu falei para a médica que eu não tinha dinheiro para comprar, e ela disse para eu completar - reclamava Elisabeth.
No Hospital Miguel Couto, as pessoas que estavam na fila do atendimento não sabiam da mudança de gestão. A aposentada Sebastiana dos Santos, 74 anos, chegou à unidade com fortes dores de coluna e esperou por 10 minutos para receber atendimento.
- Eu acho que o hospital melhorou de uns tempos para cá. Antes eu ficava muitas horas na fila com dor - comentou a aposentada.