Título: PMs têm celulares rastreados
Autor: Marcello Gazzaneo
Fonte: Jornal do Brasil, 22/04/2005, Rio, p. A17

Quebra do sigilo telefônico mostra que acusados se falaram várias vezes na noite da chacina

A quebra do sigilo telefônico dos 11 policiais militares acusados da chacina de 29 pessoas, no dia 31 passado, na Baixada Fluminense, pode levar a polícia a mais uma prova contra o grupo. Pelo rastreamento das ligações, os acusados da matança conversaram pelo telefone celular várias vezes na noite do crime. Os dados vão começar a ser analisados hoje pela equipe que investiga a chacina. De acordo com investigadores da Polícia Federal, que pediu a quebra do sigilo telefônico, há importantes informações a partir do cruzamento das ligações rastreadas.

Outra prova importante para a investigação deve ser definida na quarta-feira. Nesse dia, segundo informou ontem o diretor de Polícia Técnica do Rio de Janeiro, Roger Ancillotti, serão divulgados os resultados do exame comparativo do DNA de sete vítimas, recolhidos em dois locais da chacina, e no material encontrado no Gol prata que teria sido usado pelos assassinos.

- Vamos nos deter às vítimas que morreram em grupos, no bar da Rua Gama, em Nova Iguaçu, e no lava-jato em Queimados. Com base nas investigações, a suspeita é de que os executores tenham caminhado entre os corpos dessas vítimas, sujando a sola dos sapatos. Esse sangue na sola acabou sujando também o interior do carro, de onde a perícia recolheu material - afirmou Ancillotti.

Na próxima segunda-feira, integrantes da Comissão Externa da Câmara Federal, que acompanha as investigações sobre a chacina, estarão reunidos com o secretário de Segurança Pública do Rio, Marcelo Itagiba. No encontro, eles vão receber informações sobre o andamento do inquérito.

Na avaliação dos integrantes da comissão, a polícia vem conduzindo um trabalho sério e sem corporativismo para chegar aos autores da chacina. Eles também consideram importante o trabalho do Ministério Público estadual, que vem ajudando a montar o inquérito para que a denúncia à Justiça não apresente falhas na produção de provas, principalmente técnicas. A única preocupação é com o prazo para finalizar o inquérito, que deve terminar no fim do mês.