Título: Lucro de empresas soma R$ 50 bilhões
Autor: Daniele Carvalho
Fonte: Jornal do Brasil, 22/04/2005, Economia & Negócios, p. A19
Economia aquecida leva 80% das companhias abertas a fechar no azul. Resultado é 67% superior à média do ano anterior
A grande maioria das empresas brasileiras de capital aberto apresentou resultado positivo no exercício de 2004, com cerca de 80% dos balanços fechando no azul. O levantamento é do Conselho Regional de Contabilidade do Rio de Janeiro (CRC-RJ), que analisou todos os resultados financeiros referentes ao ano passado entregues até o final de março. O levantamento dos especialistas apurou significativa evolução no desempenho das empresas: em 2003, 73% tiveram resultado positivo, acima dos 51% apurados em 2002.
- Para nós, este é um sinal muito positivo da economia do país - comenta o presidente do CRC-RJ, Nelson Rocha.
Não apenas o número de empresas com resultado positivo cresceu, mas também o montante financeiro. Quando somados os lucros líquidos das companhias de capital aberto no período, chega-se à vultosa cifra de R$ 50 bilhões, 67,2% superior à de 2003.
Dos 10 maiores lucros registrados em 2004, cinco foram do setor siderúrgico, que também figura na lista das maiores remunerações aos acionistas.
- Este é outro ponto de destaque nos balanços. Do universo de empresas avaliadas, 139 deram a seus acionistas rentabilidade acima da inflação medida pelo IGP-M no ano passado, que foi de 12,4% - ressalta Rocha.
O retorno foi maior ainda entre as empresas listadas nos níveis de Governança Corporativa da Bovespa (que impõe regras de transparência e proteção aos minoritários): mais de 20% por ação.
Apesar da performance invejável das siderúrgicas, os técnicos chamam a atenção para os resultados das empresa de telefonia, em especial as móveis. Tais operadoras apresentaram a maior variação de receita operacional líquida, de 60,2%, além de terem reduzido o endividamento em 8,4%.
Outro número de destaque, na opinião de Nelson Rocha, é a evolução do valor econômico das companhias. Das 10 empresas mais lucrativas de 2004, sete (Petrobras, Vale, Usiminas, Gerdau, Itausa, Telesp e CSN) apresentaram valor de mercado superior ao patrimônio líquido.
Na contramão da maioria dos setores avaliados (siderurgia, banco, telefonia fixa, telefonia móvel, alimentos, serviços públicos, química e petroquímica), o de papel e celulose foi o único que apresentou recuo na média do lucro líquido, da ordem de 10%.
- A queda se deve à desvalorização do dólar. Em compensação, as companhias do setor conseguiram reduzir suas dívidas em moeda estrangeira - explica o presidente do CRC-RJ.