Título: Nepotismo: comissão especial é instalada
Autor: Paulo de Tarso Lyra
Fonte: Jornal do Brasil, 21/04/2005, País, p. A2

Proposta já enfrenta resistências

BRASÍLIA - O presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, criou ontem a Comissão Especial para analisar a emenda que propõe o fim do nepotismo nos Três Poderes. Severino aproveitou para pedir aos líderes partidários agilidade na indicação dos nomes para compor a Comissão. Mal foi criada, a comissão já começou a expor as resistências que o tema enfrenta entre os deputados. A Comissão Especial terá 31 membros e vai analisar a proposta que proíbe a contratação de parentes até o segundo grau - sobrinhos, por exemplo, estão fora da cota - para ocupar cargos comissionados ou de confiança. A matéria foi analisada pela Comissão de Constituição e Justiça, e aprovada por unanimidade, em votação simbólica.

Severino, apesar das acusações de empregar na Câmara diversos parentes, cumpriu ontem o prometido de não colocar empecilhos para a análise da matéria . Passou a bola para líderes partidários, que devem fazer até a próxima semana a indicação dos participantes.

Mas ontem mesmo, as resistências dos parlamentares começaram a aparecer. O líder do PT na Câmara, Paulo Rocha, adiantou que a proposta como está não é justa nem será aprovada, mas se propôs a indicar imediatamente os integrantes de seu partido para não atrasar a instalação da comissão. O petista considerou que o parente não pode ser favorecido, mas também não pode ser discriminado, repetindo o argumento usado por deputados que querem manter o nepotismo.

O líder do PMDB, José Borba, prometeu debruçar-se sobre o assunto apenas semana que vem. Alegou que muitos peemedebistas viajaram para os seus estados. Reconheceu ainda que o assunto ainda não foi debatido na bancada.

- Vamos escolher com calma, combinando pressa com eficiência - desconversou.

O líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), declarou que o Planalto não vai se posicionar sobre a matéria. Não se esquivou, contudo, a emitir sua opinião pessoal.

- Medidas para moralizar a gestão pública são bem vindas.