Título: Impasse na pauta de votação
Autor: Paulo de Tarso Lyra
Fonte: Jornal do Brasil, 21/04/2005, País, p. A2
Governo e oposição não se entendem
O líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), admitiu ontem que o Planalto não aceita limpar a pauta de votações da Casa enquanto não houver um acordo para votação da reforma tributária - próximo item da pauta, segundo promessas reiteradas do presidente Severino Cavalcanti (PP-PE). Durante reunião dos líderes partidários, realizada ontem no gabinete da presidência, o líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia (RJ), propôs um mutirão para votar as nove MPs que trancam a pauta da Casa. Chinaglia reconheceu que não podia ficar calado. - É desejo do governo limpar a pauta, mas não podemos concordar que se coloque em votação, dois ou três dias depois, matéria na qual ainda não existe consenso - admitiu o petista.
Chinaglia lembrou que Severino já garantiu aos prefeitos que, na primeira oportunidade, colocaria em votação o aumento de um ponto percentual no Fundo de Participação dos Municípios. O líder do governo na Casa jura que não existe uma estratégia de obstrução ostensiva - alega que na última terça foi votada uma medida provisória. Mas reconhece a operação tartaruga.
- Nós propusemos a inclusão da reforma tributária nesta discussão de procedimentos - acrescentou.
Diante do impasse, uma nova reunião foi marcada para a próxima semana. O vice-líder do PSDB na Câmara, Jutahy Júnior (PSDB-BA), propôs que governo e oposição fechassem um acordo conjunto para superar o impasse. Rodrigo Maia concordou.
- O governo tem que ter um tempo, eu não nego isso. Estamos diante de um impasse, todos têm que ceder. Mas o governo não pode utilizar as MPs para inviabilizar a Casa. Isso é anti-democrático - rebateu Maia.