Correio Braziliense, n. 21432, 20/11/2021. Cidades, p. 13

Hoje tem mutirão de vacina para não vacinados



Visando alcançar os 200 mil brasilienses acima de 18 anos que ainda não tomaram a primeira dose (D1) dos imunizantes contra a covid-19, o do Distrito Federal (GDF) realiza, hoje, o Dia D da vacinação. O mutirão estará em 14 regiões, em locais de grande circulação de pessoas, como a Rodoviária do Plano Piloto, o Galpão Cultural de Santa Maria e a Feira da Ceilândia. Apesar de o foco ser a aplicação da D1 em adultos, a segunda (D2), o reforço (D3) e a primeira dose para adolescentes serão administradas, hoje, em 15 unidades. A Secretaria de Saúde do DF (SES-DF) espera 54 mil jovens de 12 a 17 anos neste sábado.

O médico infectologista Werciley Júnior salienta a necessidade da vacinação em massa para reduzir a taxa de transmissão do vírus. "Caso ainda existam pessoas não imunizadas, é passível de o vírus sofrer mutações e, com isso, se tornar resistente — ou seja, as vacinas perderiam a qualidade. Quando todos se vacinarem, em um período curto, vamos conseguir extinguir a doença", avalia o especialista. O médico destaca que as pessoas não vacinadas podem se tornar reservatórios do vírus que, com alterações na estrutura, poderiam contaminar indivíduos imunizados.

Cenário mundial

Mesmo com cerca de 88% da população completamente imunizada, Portugal tem visto aumento de casos da doença nos últimos e avaliado o retorno do uso obrigatório de máscaras, mesmo em locais abertos. Eslováquia (42,7%) e República Tcheca (58%) proibiram o acesso de pessoas não vacinadas a bares, restaurantes, lojas de produtos não essenciais e eventos públicos, desde quinta-feira. A população da Áustria, incluindo pessoas imunizadas contra a covid-19, vai entrar em confinamento a partir da próxima segunda-feira — o país tem 64% dos habitantes completamente vacinados. Os austríacos serão obrigados a se imunizar contra a doença a partir de fevereiro do ano que vem.

Mauro Sanchez, professor de epidemiologia da Universidade de Brasília (UnB), destaca o que vem ocorrendo na Europa, onde países têm sofrido os impactos da "pandemia dos não vacinados". "Esse panorama tem reforçado, para nós, a necessidade de alta cobertura vacinal — maior do que inicialmente havia sido estimado. Os países europeus estão com número muito alto de casos e com sobrecarga intensa nos serviços de saúde", observa o pesquisador.

Apesar das recomendações de especialistas, há pessoas que insistem em não se imunizar contra a covid-19. Uma jovem afirmou que não tomou a primeira dose nem pretende receber a aplicação. Questionada quanto à facilidade de imunização gerada pelo Dia D, a moça respondeu que até poderia se vacinar, caso passasse por algum ponto hoje. Ela ressaltou, porém, que não "vai atrás" da vacina.

Ciclo completo

A Secretaria de Saúde informou ao Correio que cerca de 300 mil brasilienses não retornaram aos postos para receber a D2. O número diz respeito às pessoas cuja segunda aplicação está atrasada. Os amigos Diego Onório, 28 anos, e Luan Alves, 18, fazem parte desse grupo. Com aplicação marcada para 12 de novembro, os moradores de Ceilândia não voltaram para receber a dose por confusão na data. "Disseram que ia adiantar, eu fiquei sem saber e acabei não indo", conta Diego, que trabalha como professor. Os rapazes reconhecem a importância de completar o ciclo vacinal. Informados pela reportagem sobre o mutirão de imunização da Secretaria de Saúde, a dupla garantiu que vai comparecer a uma unidade de saúde, hoje, para receber a segunda aplicação da vacina da Pfizer/BioNTech.

"Essa doença é perigosa. Precisa vacinar", defende o autônomo Luan, que perdeu um tio para a covid-19 neste ano. Diego também perdeu pessoas queridas para a doença, em março de 2021. "Um amigo meu, de 23 anos, descobriu que estava com a covid-19 em um sábado. No domingo, foi internado e, na segunda, faleceu. A mãe dele morreu no dia seguinte", lamenta o professor. As vítimas não tiveram tempo de tomar a vacina contra a doença.

D3 ampliada

A partir de segunda-feira, os brasilienses de 57 a 59 anos que completaram o ciclo vacinal há, pelo menos, cinco meses, podem receber a dose extra contra a covid-19, chamada de D3. A SES-DF anunciou a ampliação da faixa etária e a diminuição do intervalo entre D2 e D3 durante coletiva de imprensa, na quinta-feira. Com a medida, o período entre as aplicações passa a valer também para idosos acima de 60 anos e profissionais da saúde.