Título: 'Clima gera preocupação'
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 23/04/2005, Internacional, p. A7
Ministro conselheiro da Embaixada do Brasil em Quito, José Fiúza, alerta que a situação é preocupante e lembra que cabe ao governo equatoriano garantir a proteção da missão diplomática no país: ''Eles estão assumindo uma postura demasiadamente passiva'', reclama.
Como está situação diante da residência do embaixador do Brasil em Quito, onde está o presidente deposto Lucio Gutiérrez?
- As manifestações são diárias e se intensificaram na madrugada de sexta-feira. Os protestos, que não representam o sentimento geral do povo equatoriano, reuniram cerca de 200 pessoas. As mais radicais inclusive tentaram forçar algumas vezes a entrada da residência. O clima gera preocupação.
De que maneira o novo governo está agindo em relação a isso?
- Eles enviaram policiamento, mas em número insuficiente. Estão assumindo uma postura demasiadamente passiva, já que têm a responsabilidade de garantir a proteção e inviolabilidade das missões diplomáticas aqui.
- Há alguma previsão de quando o governo equatoriano emitirá o salvo-conduto a Lucio Gutiérrez?
- Não. Mas seria bom para todas as partes que eles o fizessem logo e que o ex-presidente saísse do país. Acredito que este gesto contribuiria para que o retorno à normalidade no Equador.
- Gutiérrez fez algum comentário sobre a legitimidade da votação extraordinária que o destituiu do poder?
- Ele nega que haja qualquer legitimidade no processo. Diz que o Congresso deu como justificativa um suposto ''abandono declarado do cargo'', quando ainda estava desempenhando suas funções no palácio de governo. Gutiérrez diz ainda que, segundo a Constituição, a destituição teria que ser realizada por meio de um impeachment, com direito à defesa.