Título: Última alta de juros surpreendeu o presidente
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 26/04/2005, País, p. A3

Apesar do discurso de ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aguarda com ansiedade a divulgação da ata do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) marcada para quinta-feira. Espera resposta convincente à elevação pelo Banco Central da taxa Selic para 19,5% na última semana, que recrudesceu as insatisfações em relação à condução da política monetária. Ao tomar conhecimento de mais uma aumento da taxa básica de juros, quarta-feira, Lula confidenciou a auxiliares estar surpreendido. Considerou ainda a medida ''sem explicação'' e disse não ''entender o porquê de não ter se conseguido controlar a inflação até agora por meio dos juros''. No atual patamar, a Selic atinge o nível mais alto desde setembro de 2003, quando estava em 20% ao ano.

A decisão do Copom também foi bombardeada por outros integrantes do Executivo. Na semana passada, o ministro da Defesa e vice-presidente, José Alencar, jogou a culpa nos juros para justificar a ausência de reajuste para o soldo dos militares.

Ontem, foi a vez do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Luiz Fernando Furlan, dar sua cutucada na política monetária do Banco Central. A crítica aconteceu durante a abertura de seminário organizado pela Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee). O raciocínio de Furlan foi enviesado e pegou carona na idéia de que os empresários terão em 2005 um ano tão bom quanto em 2004.

- Os empresários são conservadores nas suas projeções, mais ou menos como o Banco Central - disse Furlan.

Até no PT há pressão para uma revisão na política monetária. Até mesmo o líder na Câmara, Paulo Rocha (PT-PA), aliado do Planalto, faz coro com a proposta.

- Os juros altos foram importantes para estabilizar a economia. Agora que ela está estabilizada, precisamos retomar o processo de queda progressiva da taxa - argumentou Rocha.