O Estado de S. Paulo, n. 46576, 25/04/2021. Política, p. A4 

Campanha teve mais verba do que covid e dengue

André Shalders


A divulgação do Pátria Voluntária” está a cargo da agência carioca Artplan, uma das principais prestadoras de serviço do governo federal. A produção dos materiais, em si, consumiu uma parte pequena do dinheiro – R$ 1,1 milhão. O grosso da verba publicitária do programa presidido pela primeira-dama Michelle Bolsonaro foi para a compra de espaços de mídia. A maior beneficiada foi a Rede Record de TV e rádio, com R$ 1,38 milhão. Embora não seja a campeã de audiência no País, a empresa tem tido destaque na distribuição de verba publicitária no governo Bolsonaro. Para fins de comparação: a TV Globo e suas afiliadas em todo o País ficaram com R$ 839 mil do bolo publicitário do Pátria.

A publicidade do programa também incluiu R$ 545 mil para a veiculação de propagandas em salas de cinema. Segundo a Casa Civil, no entanto, a propaganda foi veiculada antes do advento da pandemia de covid-19.

A divulgação via internet teve, da mesma forma, destaque no plano de mídia do Pátria. Foram R$ 2,4 milhões para divulgação online, principalmente para grandes empresas do setor. Google (R$ 436 mil), Facebook (402 mil) e Twitter (337 mil).

Os gastos do governo com a campanha do Pátria Voluntária também ultrapassam os de várias outras campanhas. Para divulgar a importância de combater o mosquito Aedes Aegypti, por exemplo, o governo usou R$ 2 milhões, em 2020. Para a “conscientização das famílias sobre os riscos de exposição de crianças na internet” o montante despendido foi de R$ 1,9 milhão; já para falar sobre o “cuidado precoce” contra a covid-19 foram cerca de R$ 6 milhões, segundo a Secretaria de Comunicação do governo.

Os R$ 9,3 milhões da campanha do Pátria são comparáveis ao dinheiro destinado a divulgar ações de enfrentamento à violência contra a mulher em 2019 (R$ 10,2 milhões). Procurada, a Secom não respondeu./ A.S.