O Estado de S. Paulo, n. 46576, 25/04/2021. Internacional, p. A13

Análise: Desafios energéticos para as metas de China, Japão e Coreia

Alexandre Uehara


Alguns países asiáticos que participaram da cúpula do clima estão entre os maiores poluidores do mundo. No evento, o presidente da China, Xi Jinping, afirmou que o pico das emissões do país será até 2030, depois haverá reduções que serão zeradas em 2060. Mas o calcanhar de Aquiles da China é a dependência energética do carvão, que abastece usinas elétricas e siderúrgicas. Quanto maior o crescimento econômico, maior a demanda por aço e energia, e maior será a queima de carvão. Portanto, a expansão da economia e o cumprimento das metas exigirá a adoção de fontes sustentáveis de energia.

O presidente da Coreia do Sul, Moon Jaein, prometeu a neutralidade de emissões de carbono até 2050. Mas o país é o membro da OCDE com menor uso de recursos renováveis para produção de energia elétrica – cerca de 5%. Apesar disso, o presidente sul-coreano prometeu eliminar o carvão como fonte de energia até 2030 e suspendeu o financiamento de projetos no exterior que envolvam energia a carvão. A superação da dependência do carvão é um desafio, dado que a economia coreana é a quarta maior importadora de carvão do mundo.

Já o premiê do Japão, Yoshihide Suga, se comprometeu em zerar as emissões de gases-estufa até 2050 e ampliou a meta de redução das emissões. Um dos problemas do Japão, porém, está ligado ao desastre de Fukushima, em 2011, que envolveu terremoto, tsunami e a explosão dos reatores nucleares. Por causa disso, há uma lenta retomada da energia nuclear e o país manteve sua matriz energética sustentada no carvão. Para contornar essa situação, o governo pretende criar um ciclo virtuoso entre economia e meio ambiente, induzindo o investimento de empresas para maximização do uso de fontes de energia renovável.

Como se pode observar, para cada país há obstáculos a serem superados. Ao longo da cúpula, outros líderes apresentaram suas metas, algumas mais ousadas do que outras. No entanto, algo comum é que os objetivos não serão realizáveis sem compromisso. Por isso, é preciso que as sociedades continuem cobrando resultados concretos de seus governos, inclusive no Brasil.

Coordenador do Núcleo de Estudos de Negócios Asiáticos da ESPM