Título: Sarney impresso
Autor: João Bernardo Caldeira
Fonte: Jornal do Brasil, 15/10/2004, Brasil, p. A-5

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AM), autografou ontem, na sede da Academia Brasileira de Letras, no Centro do Rio, seu mais novo livro, Tempo de pacotilha, que faz parte da coleção Austregésilo de Athayde, da ABL. Mais de 100 convidados estiveram no lançamento, em sua grande parte intelectuais e imortais da academia, como Arnaldo Niskier, Tarcísio Padilha, Ana Maria Machado, Candido Mendes e Marco Maciel.

A obra reúne 179 artigos publicados na imprensa pelo ex-presidente da República, em um intervalo de 12 anos, distribuídos por capítulos temáticos como história, injustiça social, violência e cultura. Animado e bem disposto, o senador, que já escreveu romances, novelas, poesias e ensaios políticos, citou outros escritores para justificar a publicação:

- Guimarães Rosa disse que Fernando Sabino em vez de construir pirâmides vivia construindo biscoitos, quer dizer, é como se as crônicas do dia-a-dia fossem biscoitos. Sigo o exemplo de Machado de Assis, que dizia que o que se escreve em jornal desaparece e, por isso, temos de publicar.

Ivan Junqueira, presidente da ABL, acrescenta:

- É uma porção enorme da obra do Sarney jornalista. Um lançamento importante na medida em que se trata do depoimento em jornais de um dos maiores políticos da história recente do Brasil.

Membro da ABL, Sarney adiantou que já escreveu 700 páginas de um livro de memórias e esboça também um romance. Ressalta, no entanto, que arte e política não devem se misturar:

- Nunca deixei que a política entrasse em minha literatura. Digo sempre: a política foi o destino e escrever é uma vocação. Para mim, escrever é uma necessidade de vida.