Título: Justiça nega prisão de Daniel Dantas
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Fonte: Jornal do Brasil, 23/04/2005, Economia & Negócios, p. A19
Juiz examina na próxima semana denúncia do MP contra banqueiro e mais 25 envolvidos no caso Kroll
A Justiça Federal de São Paulo negou ontem o pedido de prisão feito pelo Ministério Público contra o banqueiro Daniel Dantas, a presidente da Brasil Telecom, Carla Cico, e outras 24 pessoas ligadas à Kroll e ao conselho de administração do Banco Opportunity. O juiz da 5ª Vara Criminal Federal, Luís Renato Pacheco Chaves de Oliveira, examinará nesta semana a denúncia oferecida pelas procuradoras da República Ana Maria de Sordi e Ana Carolina Yoshi Cano contra os acusados nos crimes de divulgação de segredo (espionagem), corrupção ativa e formação de quadrilha. O processo corre em segredo de Justiça. Além da acusação de formação de quadrilha, Daniel Dantas e Carla Cico poderão responder por divulgação de segredo (espionagem) e corrupção ativa. As investigações foram iniciadas pela Polícia Federal em outubro do ano passado, após a obtenção de um mandado de busca e apreensão solicitado à Justiça com base em indícios de que o banqueiro teria contratado a agência Kroll em nome da Brasil Telecom para investigar executivos brasileiros da Telecom Italia.
A disputa entre a Brasil Telecom e a Telecom Italia iniciou-se quando Dantas impediu na Justiça a volta da estrangeira ao bloco controlador da empresa brasileira. A operadora italiana havia se afastado durante o lançamento de sua operadora de telefonia celular, por imposição da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
No depoimento prestado à Polícia, Dantas negou todas as acusações. Carla Cico alegou à PF que teve contato com a Kroll apenas para tratar de contratos relativos a serviços no exterior, explicou na ocasião o advogado Nélio Machado.
As investigações da Polícia Federal revelaram que a atuação da Kroll atingiu o então presidente do Banco do Brasil, Cássio Casseb, e o ministro-chefe da Secretária de Comunicação do governo federal, Luiz Gushiken. Na época em que teria ocorrido a espionagem, Gushiken, que ainda não era ministro, prestava assessoria aos fundos de pensão, como os do Banco do Brasil (Previ) e da Petrobras (Petros), que detinham participação acionária na Brasil Telecom.
Na semana passada, a Anatel autorizou a destituição de Dantas da gestão dos fundos que, além da BrT, detêm o controle da Telemig Celular, da Amazônia Celular, entre outras. Seu afastamento foi pedido pelo Citigroup, que representa os investidores internacionais do fundo CVC, e pelos investidores brasileiros, a maioria fundos de pensão. Dantas recorreu da decisão, o que será julgado na próxima semana, pelo presidente da Anatel, Elifas do Amaral.