Título: Planalto ''apaga'' mandato de ministro
Autor: Luiz Orlando Carneiro
Fonte: Jornal do Brasil, 15/10/2004, Brasil, p. A-6

Quem quisesse saber quais foram os presidentes do Supremo Tribunal Federal nas ''informações históricas'' do site oficial da Presidência da República, até as 16h de ontem, não encontraria o nome do ministro Maurício Corrêa, que se aposentou no cargo, por limite de idade, em maio deste ano, depois de 11 meses de mandato. A descoberta foi feita pela editora-chefe da revista eletrônica Consultor Jurídico, Débora Pinho, que publicou ontem reportagem intitulada ''Borracha na história: Governo apaga o mandato de Maurício Corrêa no Supremo''. Depois de afirmar que Corrêa ''foi declarado inimigo oficial do governo petista por ter feito críticas ao presidente Lula'', a jornalista contesta a explicação da Secretaria de Comunicação da Presidência da República de que houve uma ''falha'' na atualização do site do Planalto: ''Omitir um nome não é tão difícil, mas esticar um mandato de dois para três anos não é tão fácil''.

Na relação oficial do site www.planalto.gov.br, entre o ministro Carlos Mário Silva Velloso (1999-2001) e o atual presidente do STF, Nelson Jobim (2004-2006), aparecia o nome do ministro Marco Aurélio Mendes de Farias Mello (2001-2004). Ou seja, Marco Aurélio teria tido um mandato de três anos, incluindo o período da presidência de Maurício Corrêa, que teve uma relação conflituosa com o presidente Lula, desde o seu discurso de posse no Supremo, por conta das reformas administrativa e do Judiciário.

Ao ser informado do fato, Corrêa reagiu: ''O governo pode até ignorar a minha passagem pelo Supremo por uma questão pessoal, mas a história jamais vai esquecer. Não acredito que esqueceram de colocar o meu nome. O meu mandato teve repercussões e o governo agiu assim por vingança, numa atitude que é um resquício da ditadura''. Por volta das 16h, o ''conserto'' foi feito no site oficial do Planalto. Apareceu o nome de Maurício José Corrêa (2003-2004), nascido em São João do Manhuaçu-MG, em 1934.