Título: Cresce hostilidade aos EUA de Bush
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Fonte: Jornal do Brasil, 15/10/2004, Internacional, p. A-7
O presidente George Bush dissipou a onda de simpatia em relação aos Estados Unidos surgida depois do 11 de Setembro. Uma pesquisa de opinião feita em 10 países - inclusive em alguns de seus aliados mais próximos - mostra uma crescente hostilidade a Bush na Casa Branca.
Segundo a sondagem, a maioria dos entrevistados em oito dos 10 países quer ver o democrata John Kerry vencer o presidente americano em 2 de novembro.
O estudo foi conduzido por 10 dos principais jornais do mundo, incluído o Le Monde, da França, o Asahi Shimbun, do Japão, o La Presse, do Canadá, o Sydney Morning Herald, da Austrália, e o Guardian, do Reino Unido.
Os resultados apontam que a maioria dos entrevistados não acredita que a guerra no Iraque contribuiu positivamente para a luta contra o terrorismo. Na Austrália, no Japão, no Canadá, no Reino Unido, na França e na Espanha, a maior parte rejeita a guerra, despreza o governo Bush, sente uma crescente hostilidade em relação aos EUA e não apóia fortemente Kerry. Mas todos deixaram claro que há uma distinção entre esse tipo de antiamericanismo e uma rejeição à população americana. Em média, 68% disseram ter uma opinião favorável sobre os americanos.
O estudo sugere que raramente um governo americano enfrentou tamanho isolamento e falta de apoio público entre os aliados mais próximos.
As únicas exceções foram os israelenses e os russos. Dois em cada três entrevistados de Israel apóiam Bush e vêem os EUA como fonte de segurança. Já os russos, apesar do tradicional antiamericanismo, se tornaram favoráveis às atitudes americanas segundo uma enquete feita logo após a tragédia na escola de Beslan - quando uma desastrada ação deixou mais de 300 mortos, a maioria crianças.
Já no Reino Unido, 60% dizem não gostar de Bush, número que sobe para 77% entre aqueles com menos de 25 anos. Se pudessem votar na eleição dos EUA, 50% optariam por Kerry, contra apenas 22% por Bush. Mas a rejeição ao presidente americano é maior na França: 72% dizem que votariam no democrata. Sentimento que também é muito forte na tradicionalmente pró-EUA Coréia do Sul, onde 68% afirmam apoiar Kerry.
A maioria dos britânicos também acredita que os EUA já não são um modelo de democracia para os demais países. Outra conclusão do estudo é que 51% dos britânicos acham que a cultura americana ameaça. Sentimento compartilhado por canadenses, mexicanos e sul-coreanos.