Correio Braziliense, n. 21439, 27/11/2021. Política, p. 4

Partido se incomoda com presença da PF



Uma boa parte dos filiados do PSDB ficou irritada com a atitude do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) de cogitar envolver a Polícia Federal (PF) na investigação sobre o primeiro aplicativo utilizado na votação das prévias. Isso porque, de acordo com a Fundação de Apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (FAURGS) — responsável pelo desenvolvimento da plataforma —, teria havido um ataque hacker contra o sistema, conforme explicou por meio de nota.

O envolvimento da PF foi motivo para mais uma divergência entre os tucanos, pois o temor era de que a instituição, durante as investigações, tivesse acesso a informações sensíveis do partido. E como uma parcela expressiva dos filiados do PSDB enxerga, hoje, os federais excessivamente alinhados com o Palácio do Planalto, temiam que tais dados chegassem às mãos do presidente Jair Bolsonaro.

Nos bastidores, muitos tucanos concordam que o uso de um aplicativo para realizar parte da votação foi equivocado, mas admitem que deviam passar pela experiência. Só que há praticamente consenso negativo sobre ter a PF nas dependências do PSDB — seria abrir as portas para Bolsonaro. Por causa disso, o deputado federal Carlos Sampaio (PSDB-SP), ex-integrante do Ministério Público do estado de São Paulo (MP-SP), chamou para si a investigação e entregará o resultado daquilo que levcantar à polícia.

O incômodo com a PF tem a ver, também, com uma parcela do partido, que tem votado favoravelmente no Congresso em temas de interesse do Palácio do Planalto. O ex-prefeito de Manaus e um dos pré-candidatos, Arthur Virgílio Neto, é favorável à retirada do partido de todos os bolsonaristas ou dos que vêm se alinhando ao governo.

“Preferia que fosse um partido menor, mas que fosse uno, porque seria mais seguro. O partido está dividido entre quem vota com Bolsonaro e quem não vota”, explicou.

Outras questões também foram levantadas para afastar a PF da rotina do partido — como não ter o PSDB associado a questões criminais. “Chamar a PF para ficar dentro do partido seria um constrangimento. Não queremos isso, porque não cria uma imagem bonita. Isso não aconteceu com nenhum partido, não é uma coisa boa. Na minha cabeça, prejudica”, acrescentou Virgílio. (RF e TA)

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Turma do STF libera bens de Lula

A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) derrubou, ontem, os bloqueios de bens do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ligados aos processos ligados da Lava-Jato. A decisão, por 3 a 1, é em função da anulação de todas as condenações do petista na operação, conforme decidiu o ministro Edson Fachin, em março passado.

Segundo Fachin, a Justiça Federal em Curitiba não tinha a competência formal para julgar as ações contra Lula e, por causa disso, anulou os julgamentos. A decisão do ministro foi confirmada, em abril, pelo plenário do STF.

No julgamento concluído na 2ª turma, Fachin votou pela manutenção do bloqueio, nas foi derrotado pelos ministros Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes e Nunes Marques.

Três processos contra o ex-presidente tramitavam no Paraná: o relacionado ao tríplex do Guarujá (SP), o do sítio de Atibaia (SP) e o das doações ao Instituto Lula e da sede da instituição — remetidos à Justiça do Distrito Federal. A defesa de Lula pediu a suspensão dos bens bloqueados nesses processos.

Em maio, porém, a Justiça Federal do Paraná negou o pedido e, assim, os bloqueios dos bens foram mantidos. O juiz federal Luiz Antônio Bonat, à época, avaliou que a revogação do bloqueio dependia de manifestação de Fachin, relator da Lava-Jato no STF.

De acordo com nota divulgada pelos advogados Cristiano Zanin e Valeska Teixeira Martins, que defendem o petista nos processo da Lava-Jato, “essa nova decisão do STF é uma consequência do reconhecimento da nulidade dos processos envolvendo o ex-presidente Lula em virtude da incompetência e da suspeição do ex-juiz Sergio Moro”.