Título: DNA confirma sangue de vítimas em carro
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 27/04/2005, Rio, p. A15
Prova é a mais forte contra um dos PMs
Um exame de DNA constatou que as amostras de sangue recolhidas em um Gol prata usado pelo soldado Carlos Jorge de Carvalho no dia da chacina de 29 pessoas na Baixada Fluminense pertencem a duas das vítimas da matança: Francisco José Silva Neto e Marco Aurélio Alves, que foram assassinados em num lava-jato, na Rua Carlos Sampaio, em Queimados. A descoberta é a prova técnica mais forte a apontar a participação de Carlos Jorge. O soldado, um dos 11 PMs presos por suspeita das mortes, havia sido reconhecido por testemunhas. Neste mesmo Gol, que foi pego emprestado pelo PM Carlos Jorge com um amigo, já haviam sido encontradas cápsulas de bala compatíveis com as achadas em dois locais onde ocorreram mortes: a Rua Geni Saraiva, em Nova Iguaçu, e no lava-jato da Avenida Ministro Odilon Braga, em Queimados.
O exame de DNA constatou que as amostras de sangue recolhidas no Gol são de quatro pessoas, mas a polícia confirmou que havia material genético de duas vítimas. Segundo o diretor da Polícia Técnica, Roger Ancilotti, não foram encontradas impressões digitais dos suspeitos. Ancilotti disse que, como o sangue estava nos carpetes do banco do carona e no traseiro, outros policiais estavam no carro. Para ele, os suspeitos pisaram no sangue.
A polícia reuniu provas técnicas que incriminam Carlos Jorge. Os outros só foram acusados graças a depoimentos de testemunhas. A Polícia Federal quebrou o sigilo telefônico dos envolvidos e constatou que eles se falaram antes e depois da chacina. Nove policiais foram indiciados no inquérito da PF, que foi anexado ao da Polícia Civil, que pretende encaminhar o relatório de suas investigações na sexta-feira para o Ministério Público. Dois dos PMs acusados, Marcelo Oliveira e Walter Valim, podem ser inocentados, porque os álibis teriam sido considerados consistentes.
Com Folha Press