Título: Ambev incha investimento
Autor: Luciana Otoni
Fonte: Jornal do Brasil, 27/04/2005, Econoamia & Negócios, p. A17

Ingresso de recursos dobra para US$ 1,4 bi no mês

O ingresso de Investimento Estrangeiro Direto atingiu em março US$ 1,4 bilhão - praticamente o dobro dos recursos atraídos em igual mês de 2004 -, resultado que elevou para US$ 3,489 bilhões o acumulado no primeiro trimestre do ano. E, em abril, já se aproxima dos US$ 2,8 bilhões. Para o ano, o Banco Central mantém a estimativa de atrair US$ 16 bilhões. A estimativa de ingresso de US$ 2,8 bilhões em investimentos neste mês levou em conta a operação extraordinária de US$ 1,384 bilhão entre as cervejarias Ambev e Interbrew. Até a última segunda-feira, a cifra estava em US$ 2,4 bilhões. A operação realizada neste mês consistiu na compra de ações da Ambev pertencentes a minoritários.

O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, comentou que dos US$ 1,384 bilhão, US$ 736 milhões configuraram pagamentos em dinheiro pela compra dos papéis, ao passo que US$ 648 milhões consistiram na troca de ações da cervejaria brasileira por papéis da companhia belga.

No setor produtivo, o investimento estrangeiro direto totalizou US$ 1,175 bilhão. Do volume ingressado nos primeiros três meses do ano, o setor industrial absorveu US$ 1,124 bilhão, o setor serviços atraiu US$ 1,149 bilhão e a agropecuária e o setor extrativo mineral, US$ 158 milhões.

O país registrou em março superávit de US$ 1,758 bilhão em transações correntes, o melhor resultado para o mês desde 1947, ano em que a série de indicadores do setor externo foi iniciada. A conta abrange as negociações de bens e serviços do Brasil com o exterior e operações de exportações, importações, pagamento de juros, remessas de dividendos e gastos com viagens internacionais. Considerando o saldo positivo de US$ 1,561 bilhão na conta financeira, o balanço de pagamentos, que contabiliza o ingresso e saída de dólares, fechou o último mês com saldo de US$ 3,576 bilhões.

Dois fatores explicam os bons resultados: a manutenção de um expressivo saldo comercial no início do ano e a melhora do perfil da conta de serviços (pagamentos de transportes, aluguel de equipamentos, viagens, royalties e licenças), tradicionalmente deficitária.

A melhora do perfil da conta de serviços também está relacionada à maior inserção do Brasil no comércio internacional. Conforme explicou o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, a conta de serviços é geralmente deficitária mas, nos últimos meses, a maior exportação de manufaturados acarretou aumento dos serviços pós-vendas (nos setores de aviação, autopeças, máquinas e equipamentos), o que tem contribuído para a melhora do perfil da conta de serviços.