Título: PMDB: Governadores do Sul querem independência em 2006
Autor: Ivanir José Bortot
Fonte: Jornal do Brasil, 28/04/2005, País, p. A4

Políticos se reúnem em Florianópolis e evitam discutir nome de possível candidato

Os governadores do Sul tiraram uma posição conjunta sobre o destino do PMDB na corrida da sucessão presidencial de 2006. Em reunião realizada anteontem em Florianópolis com o presidente do partido, Michel Temer, eles manifestaram o desejo do partido lançar candidato próprio em 2006, em detrimento do apoio à reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva.

O governador do Paraná, Roberto Requião, afirmou que a partir deste posicionamento, o partido organizará encontros nacionais para discutir com a sociedade civil e a militância partidária um projeto nacional de governo alternativo ao que está sendo praticado no Brasil nas últimas décadas. O PMDB quer a descentralização do poder e dos recursos públicos para fortalecer os estados e municípios. Espera ainda adotar um conjunto de ações de combate à miséria e aos fatores que geram a crise social.

- O país não pode continuar sendo governado de Brasília, onde a União concentra dois terços dos recursos arrecadados - protesta Luiz Henrique da Silveira, governador de Santa Catarina.

Só depois de construído um programa de governo é que virá o debate em torno dos nomes que irão compor a chapa do PMDB as eleições presidenciais do próximo ano. O governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto, na última semana teve seu nome apontado pela ala jovem do PMDB de Minas Gerais como candidato à presidência da República. Roberto Requião vem fazendo um governo no Paraná voltado às causas sociais e a grandes temas nacionais. A idéia é pavimentar uma candidatura mais à esquerda.

Rigotto disse que o PMDB, na condição de partido com a maior capilaridade eleitoral do país, está entre os que detêm maior tempo de rádio e televisão para expor as mudanças que deseja implantar em benefício da maioria da população.

- Não tenho dúvidas que aqueles que afirmam que só existem duas vias possíveis na próxima disputa presidencial verão surgir uma terceira, muito forte e organizada, com o PMDB - disse Rigotto.

O presidente do PMDB, Michel Temer, que esteve reunido a portas fechadas com os três governadores, lembrou que a decisão de lançar candidatura própria já tinha sido defendida pelos cincos governadores, na convenção partidária de dezembro. Temer voltou a dizer que o partido vai deixar os cargos que ocupa no governo federal. Se isso não for possível, a legenda poderá cassar o registro dos que insistem em continuar nas funções públicas.

- Isso é importante para que tenhamos liberdade de discutir o país e assim unir o PMDB para a disputa nacional.