Correio Braziliense, n. 21178, 19/05/2021. Brasil, p. 5

Defesa envia apoio à PF contra garimpeiros
Fernanda Strickland*
Pedro Ícaro*


O Ministério da Defesa enviará apoio logístico para a atuação da Polícia Federal na comunidade Palimiú, na terra indígena yanomami, em Roraima — que tornou-se alvo de garimpeiros, que pretendem estabelecer lavras ilegais, apesar da resistência da comunidade. A garantia da presença dos militares é em resposta a um pedido do procurador-geral da República, Augusto Aras, que solicitou a disponibilização de aeronave para o deslocamento de agentes federais até a reserva. Até então, a presença das tropas do Exército se limitava ao atendimento médico e odontológico e ao fornecimento de remédios.

À Defesa, o MPF relatou que um novo ataque com bombas de gás contra a comunidade, conforme informado pela Fundação Nacional do Índio (Funai). O ofício ressalta que a atuação da PF, na última semana, não foi suficiente para impedir o retorno dos garimpeiros à terra indígena.

Segundo o MPF, é "imprescindível o imediato destacamento de força pública" para envio e permanência na localidade, a fim de garantir a segurança daqueles povos e reprimir novos atos de vingança dos garimpeiros. Já o ministro destacou que "realizou ações neste escopo, empregando parcela de tropa e aeronave do Exército brasileiro", entre os dias 10 e 14 de maio. Mas, agora, disponibilizará uma aeronave para, "caso as condições meteorológicas permitam, prestar apoio logístico às ações da instituição".

Na última operação dos invasores, cerca de 15 barcos aterrorizaram mulheres e crianças disparando tiros e arremessando bombas de gás lacrimogêneo, segundo informações são da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib). Desde que os ataques começaram, os indígenas aprenderam 990 litros de combustível e expulsaram cinco trabalhadores ilegais de suas terras — que não se intimidaram nem mesmo quando a PF despachou um grupo de agentes para o local, na tentativa de desestimular o avanço dos garimpeiros.

Posto militar

O vice-presidente da Associação Yanomami Hutukara, Dário Vitório Kopenawa Yanomami, encaminhou um ofício para Funai, PF, Ministério Público Federal e I Brigada de Infantaria de Selva do Exército não apenas relatando a situação, mas buscando apoio das autoridades contra a violência dos invasores. Os indígenas solicitam a "instalação de um posto avançado emergencial na comunidade de Palimiu, com o objetivo de manter a segurança no local e no rio Uraricoera". Além disso, pedem que "o Exército brasileiro, por meio da 1ª Brigada de Infantaria da Selva, promova apoio logístico imediato para ações dos demais órgãos públicos para garantir a manutenção da segurança no local".

*Estagiários sob a supervisão de Fabio Grecchi