Título: Aplicação irregular de verbas
Autor: Hugo Marques
Fonte: Jornal do Brasil, 28/04/2005, País, p. A6

Uma comissão enviada pela própria Funai a Dourados (MS) não encontrou vestígios de aplicação dos recursos do Fome Zero e concluiu que a situação de saúde dos indígenas guarani-caiuá sofreu ''retrocesso'' no ano passado, conforme antecipou o Jornal do Brasil no domingo.

A Funasa em Mato Grosso do Sul disse que está realizando auditoria para verificar os gastos. O coordenador Gaspar Hickmann informou, por sua assessoria, que a auditoria poderá mostrar o que de errado está ocorrendo. Apesar disso, até a noite de ontem, não respondeu a várias perguntas feitas, a pedido de sua assessoria, por correio eletrônico.

Como medida de comparação, os gastos da Funasa com urnas funerárias no ano passado superam em 163% o que foi aplicado em material médico no estado, onde 30 crianças indígenas morreram. As despesas da Funasa estão discriminadas em um quadro recebido pela CPI da Fome.

No ano passado, a Funasa gastou R$ 192 mil com urnas funerárias e R$ 73,1 mil com material médico. As despesas do órgão com caixões superam em 104% os R$ 94 mil gastos com alimentos no distrito sanitário especial indígena (DSEI). Mas a Funasa informa que não tem como atribuição dar alimento para índio, a não ser em abrigos provisórios.

A despesa com caixões é 145% superior ao que foi gasto no período com medicamentos odontológicos, um total de R$ 78 mil, e representam quase a metade do que o DSEI aplicou na compra de remédios, um total de R$ 401 mil. A Funasa, no entanto, contabiliza mais R$ 203 mil em medicamentos na conta da administração do órgão e na da Divisão de Engenharia de Saúde Pública.

A Funasa gastou R$ 12,3 mil com locação de copiadora e R$ 144,8 mil em telefonia fixa. Os parlamentares da CPI da Fome querem esquadrinhar todos estes gastos da Funasa, principalmente os R$ 446 mil que o órgão aplicou em ''capacitação''. (H.M.)