O Estado de S. Paulo, n. 46588, 07/05/2021. Política, p. A4

Bolsonaro defende uso da cloroquina e ataca Renan

Lauriberto Pompeu


O presidente Jair Bolsonaro criticou ontem a CPI da Covid pelo tratamento dado ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. “A CPI bateu muito no Queiroga.

Cloroquina, cloroquina, cloroquina, o tempo todo cloroquina. ‘Ai, o presidente falou’. Eu fui tratado com cloroquina e ponto final”, disse Bolsonaro, durante a live semanal que faz nas redes sociais.

Para o presidente, quem critica a cloroquina é “canalha”. Sem apresentar provas nem citar nomes, afirmou que senadores usam a substância para tratar a covid. “Falei com vários senadores, vou chutar aqui que no mínimo dez senadores usaram isso.”

Queiroga não quis se manifestar ontem, em depoimento à CPI, sobre a utilização da cloroquina no tratamento de pacientes com covid-19. A medida é uma das bandeiras defendidas por Bolsonaro, mesmo sem que haja eficácia comprovada.

O chefe do Executivo também ameaçou usar a máquina do governo federal para investigar o governador de Alagoas, Renan Filho (MDB). Ele é filho do senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI da Covid, que tem adotado uma postura combativa ao Planalto.

“Queria estar na CPI. ‘Atenção aí, ministro, qual dessas frases mais matou gente no Brasil? Frase do presidente Bolsonaro’.

E botou várias frases lá. Sabe qual seria minha resposta? Prezado senador, frase não mata ninguém, o que mata é desvio de recurso público que seu Estado desviou. Vamos investigar seu filho que a gente resolve esse problema”, disse o presidente.

Durante a sessão da CPI, Renan rebateu Bolsonaro. “Queria dizer, com todo respeito ao presidente, que o que mata é a pandemia, pela inação e inépcia que eu torço que não seja dele. Não queremos fulanizar isso aqui. Com relação ao Estado de Alagoas, aqui nesta Comissão Parlamentar de Inquérito, se houver necessidade, todos, sem exceção, serão investigados”, afirmou o relator.