Título: Gasolina sobe menos do que o esperado
Autor: Mônica Magnavita
Fonte: Jornal do Brasil, 15/10/2004, Economia, p. A-17
Reajuste nas bombas será de até 2%, e analistas esperam nova alta este ano
Os preços dos combustíveis estão mais altos a partir de hoje. A Petrobras anunciou ontem um aumento de 2,4% para a gasolina e de 4,8% para o diesel nas refinarias, incluindo impostos. Com isso, a companhia estima que o impacto médio no preço final para o consumidor seja, respectivamente, de 1,6% e 3,8%. Mas, de acordo com a Federação Nacional dos Combustíveis (Fecombustíveis), os preços da gasolina e do diesel para o consumidor, na média nacional, deverão ficar, pela ordem, 2% e 4% mais altos. Os reajustes foram considerados tímidos pelos analistas de mercado, que esperavam uma alta em torno de 10%. Até porque, ontem, a cotação do petróleo em Nova York chegou a US$ 54,76, atingindo recorde de alta.
O diretor financeiro da Petrobras, Sérgio Gabrielli, no entanto, justificou os percentuais, argumentando que foi o reajuste necessário para não afetar o consumo interno. Além disso, não há sinais de que os preços externos continuarão nesse patamar. Entre os motivos, estão a estabilidade do volume de petróleo negociado no mercado futuro, entre 150 a 160 milhões de barris diários, e do consumo internacional de gasolina.
O diretor do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura (CBIE), Adriano Pires, contudo, dá como certo um novo reajuste ainda este ano. Segundo ele, os preços nas refinarias permanecerão com defasagem de 18% na gasolina e de 26% no diesel, em relação ao petróleo do Golfo do México. Antes da alta, as diferenças eram de 21% e 31%, respectivamente.
- Foi uma frustração para o mercado e não terá efeito expressivo para a Petrobras - afirmou Pires.
Na sua avaliação, nada indica que haverá estabilidade no mercado internacional este ano. Ao contrário, a tendência é de alta, já que a demanda continuará aquecida, principalmente com a chegada do inverno no Hemisfério Norte e diante da impossibilidade de um aumento na oferta.
Para o analista Luiz Caetano, do banco Brascan, a superação da faixa dos US$ 50 por barril nos últimos dias tornou inevitável o reajuste de preços no mercado interno.
- Mas esse aumento ficou muito abaixo do necessário - considerou.
Pelas suas contas, a defasagem, após a correção de ontem, ainda permanece elevada, chegando a 42,2% na gasolina e a 19,8% no diesel.
- São contas aproximadas. Não temos todas as variáveis, como o custo do frete e o preço negociado pela Petrobras para a venda interna.
De qualquer forma, a estratégia da Petrobras tem sido a de evitar repassar para os preços internos a volatilidade da cotação internacional.