Título: ETE devolve vida ao Ribeirão Ponte Alta
Autor: Guilherme Queiroz
Fonte: Jornal do Brasil, 15/10/2004, Brasília, p. D-4

No Gama, Roriz comemora melhoria ambiental com a estação

Às vésperas de completar um ano sem receber o esgoto in natura produzido pelos 180 mil moradores do Gama, o Ribeirão Ponte Alta volta a dar sinais de vida. A despoluição do curso d'água foi conferida, na manhã de ontem, pelo governador, Joaquim Roriz. Ele avaliou de perto as melhorias ambientais trazidas pela construção da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Gama. Os resultados da despoluição foram apresentados pela Caesb. Até a inauguração da ETE Gama, em novembro de 2003, o esgoto coletado no Gama era despejado no Ponte Alta. O ribeirão recebia mais de 650 mil m³ de efluentes não-tratados, o que lhe rendia um índice de contaminação de 10 milhões de partes de coliformes fecais a cada 100 mililitros. Segundo dados da Caesb, a contaminação hoje não passa de 10 mil partes a cada 100 mililitros.

- Onde há o lançamento da ETE, os níveis estão mais baixos que constatamos rio acima - comemorou o presidente da Caesb, Fernando Leite.

Roriz também participou na recuperação do ribeirão. Ele lançou na água mil alevinos de lambari - criados em viveiros da Caesb - e plantou uma das seis mudas de jatobá levadas para a reflorestar as margens do Ponte Alta. O governador ressaltou que a construção da ETE mudou a região, antes afetada pelo esgoto, e chamou a população para participar na recuperação do manancial.

- Vocês podem verificar aqui que os animais já podem consumir dessa água. Daqui a pouco, as pessoas também poderão usufruir dela - disse Roriz.

Com 30 quilômetros de extensão de água tratada, o Ponte Alta está em condições para abastecer o reservatório da Usina Hidrelétrica de Corumbá IV, que deve começar a abastecer o DF em dois anos. Segundo Fernando Leite, o Ribeirão Melchior - outro afluente do reservatório - que começou a receber esgoto tratado da ETE Melchior, no mês passado, estará despoluído até o final de 2005.

- Precisamos que as pessoas também preservem as margens e as cabeceiras dos rios. Senão, não há garantia de que os rios vão permanecer despoluídos - alertou Leite.

Presente na cerimônia, o presidente da Agência Nacional das Águas (ANA), Jerson Kelman, elogiou as medidas tomadas pelo GDF para chegar a marca de 100% de tratamento do esgoto coletado no DF. Ele frisou que a região é a única que tem sistema com capacidade eliminar 95% dos poluentes do esgoto antes de devolvê-lo à natureza.