Título: Declarada guerra contra a gripe
Autor: Vivian Rangel
Fonte: Jornal do Brasil, 25/04/2005, Rio, p. A13
Campanha de Vacinação do Idoso começa hoje com objetivo de imunizar mais de 1 milhão de pessoas acima de 60 anos só no Rio
Coriza, dor no corpo e febre. Todo mundo já sofreu com os sintomas da gripe, mas há cinco anos os idosos contam com uma ajuda de peso para prevenir uma infecção que, além de incômoda, pode suscitar outras doenças - a vacina contra o vírus influenza. A partir de hoje, quando começa a Campanha Nacional de Vacinação do Idoso, todas as pessoas com mais de 60 anos devem procurar os postos de saúde, levando identidade e cartão de vacinação para garantir a dose de proteção. A previsão do Ministério da Saúde é de imunizar mais de 1 milhão de idosos só no Estado do Rio, até o dia 6 de maio. Na sexta edição da campanha, a vacina venceu as crendices de que poderia provocar gripe ou outras reações e prova que é uma medida eficaz contra o vírus influenza, causador da gripe. Se nas primeiras campanhas existia o mito de que a injeção poderia provocar efeitos colaterais ou o desenvolvimento da própria doença, hoje os temores são motivo de piada.
- Algumas amigas não tomavam a vacina porque achavam que era uma estratégia do governo para reduzir o número de pensionistas - conta a aposentada Francisca da Conceição, 82 anos, se divertindo com a teoria da conspiração.
Francisca e as amigas Maria das Dores Esteves, 86 anos, e Teresinha de Jesus Campos, 85, todas aposentadas, já marcaram na agenda uma visita ao posto de saúde do Catete, o mais próximo de suas casas.
- Não tenho medo da injeção nem de reações adversas. Sei dos benefícios por experiência própria, porque depois que comecei a tomar a vacina raramente tenho gripes - garante Teresinha.
A impressão da aposentada pode ser comprovada por números do Ministério da Saúde. Estimativas indicam que a vacinação reduz em até 50% o risco de mortalidade na população idosa, em até 19% o risco de hospitalização por doença cardíaca e em até 23% a possibilidade de sofrer com doenças cérebro-vasculares. Nos idosos, que são mais vulneráveis à gripe, a chance de complicações é ainda maior.
- Quem tem mais de 60 anos deve tomar a vacina porque entre os idosos é mais fácil haver a disseminação do vírus, já que há um declínio na resposta imunitária com o passar dos anos - explica o presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Paulo Buss.
A vacina deve ser tomada anualmente pois é desenvolvida a partir das três cepas mais recentes, as mutações do vírus, em circulação no Hemisfério Sul.
- Todos podem tomar a vacina, mesmo que estejam gripados. A única restrição é para quem tem alergia comprovada à proteína do ovo, porque a dose é produzida em embriões de galinha - afirma Buss.
No ano passado, o ministério superou a meta estabelecida de 70%, vacinando 85% da população com mais de 60 anos, imunizando cerca de 12 milhões de idosos. Esse ano a meta é vacinar 10,5 milhões de idosos em todo o país.
- Quando é possível atingir esse percentual da população, há uma boa chance de interromper a cadeia de transmissão e praticamente acabar com os surtos de gripe - detalha o presidente da Fiocruz.
Os idosos devem levar a carteira de vacinação para verificar se estão em dia com as vacinas contra difteria e tétano. Nos postos, também é possível ser vacinado contra a febre amarela, em caso de viagens marcadas para locais de risco. Os idosos que estão hospitalizados ou em casas de assistência social também receberão as vacinas.
- Além da gripe, os pacientes internados serão imunizados contra a pneumonia. Quem tiver parentes que não podem se locomover tem o direito procurar os postos de saúde para obter a vacina - garante Buss.
A Secretaria Municipal de Saúde avisa que qualquer dúvida ou solicitação deve ser feita no Tele-Saúde (2273-0846). Até o dia 6, todos devem fazer como o aposentado Jesus Martinez Rial.
- Tenho o cartão guardado e sei como a vacina ajuda a prevenir a gripe e doenças piores, como pneumonia, que já me deixou de cama. Por isso, não dá para ter medo de injeção nem preguiça de ir até o posto - recomenda o aposentado, com a experiência de seus 75 anos.