Título: Ciro Gomes acerta transferência para o PSB
Autor: Sérgio Pardellas
Fonte: Jornal do Brasil, 29/04/2005, País, p. A2

Ministro da Integração pode sair candidato ao governo do Estado do Rio em 2006

O ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, se filiará ao PSB na próxima sexta-feira numa cerimônia, em princípio, marcada para acontecer no Rio de Janeiro. Com a filiação, Ciro começa a pavimentar seu caminho rumo à disputa ao governo do Estado do Rio em 2006. Conforme apurou o Jornal do Brasil, o comunicado foi feito ontem pelo ministro Eduardo Campos, de Ciência e Tecnologia, a pelo menos duas autoridades do primeiro escalão federal. A definição teria ocorrido num encontro entre Ciro Gomes, o ministro e o presidente do PSB, Miguel Arraes na última terça-feira.

O acordo inclui ainda a filiação da senadora Patrícia Saboia (PPS-CE), ex-mulher de Ciro, e seis deputados federais ligados ao ministro da Integração. Com isso, a representação do PSB na Câmara passaria de 16 para 22 deputados federais. Existe ainda a expectativa de que, mais adiante, outros parlamentares do PPS migrem também para PSB. Pode tomar o mesmo rumo o prefeito de Sobral (CE), Cid Gomes, irmão de Ciro.

A situação de Ciro ficou insustentável no PPS depois de o partido, em dezembro, decidir pelo rompimento com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e exigir que os filiados de sua sigla entregassem seus cargos no governo federal. Em fevereiro, o PPS determinou o desligamento de Ciro Gomes e Patrícia Saboia e os proibiu de falar em nome do partido.

As negociações com o PSB começaram ainda no ano passado. O cenário, no entanto, passou a ganhar contornos mais bem definidos em março numa reunião que contou com a participação da cúpula socialista. No início desse mês, Miguel Arraes levou o assunto ao presidente Lula onde explicou que a filiação de Ciro Gomes seria importante para o partido ultrapassar a chamada cláusula de barreira. A partir de 2006, os partidos terão que alcançar pelo menos 5% dos votos nacionais. Se a meta não for atingida, os partidos não terão direito a ter líder na Câmara, por exemplo.

Ciro também era cobiçado pelo PTB, mas as conversas com o presidente nacional do partido, deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), acabaram não evoluindo para um acerto. O PT e o PMDB também se apresentaram como alternativa ao ministro. A estrutura dos dois partidos não permitiram movimentos muitos personalistas, por já abrigar outras lideranças políticas de peso.

No PSB, Ciro será recebido como uma estrela de primeira grandeza. Se não optar pela candidatura ao governo do Estado do Rio, poderá, por exemplo, trabalhar para ser vice de Lula em 2006. Vencendo no Rio, suas pretensões palacianas seriam apenas adiadas para 2010, quando poderá ser candidato a presidente com o apoio de Lula.