Título: Dirceu comenta discurso
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Fonte: Jornal do Brasil, 30/04/2005, País, p. A4

A exemplo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro da Casa Civil, José Dirceu, também fez ontem o ''mea culpa'' pela eleição de Severino Cavalcanti (PP-PE) à presidência da Câmara.

- Talvez tenha sido o mais grave erro que cometemos até hoje - disse em Montevidéu (Uruguai), onde participou de encontro de partidos progressistas e governos do Cone Sul.

Depois de afirmar que o resultado foi um erro grave do PT e dos partidos mais próximos, Dirceu disse que não se pode ''deslegitimar a eleição''.

- Severino não tem responsabilidade sobre isso. Ele fez o que qualquer parlamentar pode fazer: candidatar-se e ter apoio do seu partido. Nós é que não fomos capazes de ter um candidato só e vencer as eleições - afirmou.

Sobre a condução da economia, o ministro disse que a autoridade monetária tem que combinar o combate à inflação com o nível de manutenção de emprego e crescimento:

- Se ela não faz isso, o governo tem que fazer.

O ministro também afirmou que o debate sobre a política de juros vai continuar e previu conseqüências dessa discussão nas eleições de 2006.

- Com o debate todos os agentes sociais, econômicos e políticos tomam conhecimento dos problemas que o país tem. E o povo vota a cada quatro anos e escolhe o caminho que tem que escolher - afirmou o ministro.

Lula disse que o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, o vice-presidente José Alencar e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, estão empenhados em reduzir a taxa de juros para patamares mais condizentes.

A falta de ações mais eficazes para resolver o problema das rodovias brasileiras, o outro erro admitido pelo presidente Lula, pode ser demonstrada em números. O corte de R$ 15 bilhões no orçamento deste ano, atingiu em cheio o Ministério dos Transportes. Dos R$ 6,5 bilhões previstos, os recursos encolheram para R$ 4,2 bilhões.

Desse total, R$ 2,6 bilhão serão para as obras do plano-piloto e o restante é para custeio e demais programas do Ministério. Apesar da escassez de recursos, o ministro dos Transportes, Alfredo do Nascimento, diz que sua pasta está recebendo tratamento diferenciado na execução orçamentária por ordem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo Nascimento, seu ministério tem autorização para gastar todo o orçamento que dispõe.