Estado de S. Paulo, n. 46611, 30/05/2021. Política, p. A16

Projeto de frente ampla implode

Pedro Venceslau
Camila Turtelli


Em março, seis presidenciáveis assinaram um manifesto em conjunto pró-democracia e contra o autoritarismo em meio à troca dos comandantes das Forças Armadas e a demissão do então ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, pelo presidente Jair Bolsonaro.

Se a primeira leitura desse gesto foi a de que a iniciativa poderia levar à união em torno de um nome para disputar a eleição de 2022 contra Bolsonaro e Lula, não foi o que aconteceu. O grupo de WhatsApp criado por eles está em silêncio.

“Não houve a construção de uma pauta em comum. Vejo candidaturas diferentes com uma possível aliança lá na frente. É uma demanda da sociedade que se adote uma linha mais de centro à direita. Vai ser um centro democrático com viés mais liberal”, disse ao Estadão o ex-candidato João Amoêdo, um dos que assinaram o documento.

Além dele, referendaram o texto o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM), o apresentador de TV Luciano Huck, o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) e os governadores tucanos João Doria (SP) e Eduardo Leite (RS).

Com a implosão do projeto de uma frente ampla houve um congestionamento de candidaturas a pouco mais de um ano da eleição. São pelo menos 13 lançadas “publicamente” por partidos que sonhavam com o centro unido: PSDB (4), DEM (2), MDB (2), PSD (3) e Novo (1).

Para o cientista político Túlio Velho Barreto, professor e pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco, “a terceira via está em crise”: “A candidatura de Lula zerou o jogo e possibilitou a recolocação de candidaturas que não advogavam uma agenda liberal. A exacerbação do antipetismo, por sua vez, será importante para neutralizar Lula”. / P.V. e C.T