Título: EUA retiram apoio e chileno vence
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Fonte: Jornal do Brasil, 30/04/2005, Internacional, p. A9
José Miguel Insulza deve ser aprovado por consenso na secretaria-geral, levando idéias de centro-esquerda ao organismo
SANTIAGO - O ministro das Relações Exteriores do México, Luis Ernesto Derbez, decidiu ontem retirar sua candidatura à secretária-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA). O anúncio foi feito pela chanceler da Colômbia, Carolina Barco, depois de uma reunião com a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, Derbez e o outro candidato à secretaria-geral da OEA, o ministro do Interior do Chile, José Miguel Insulza. Até ontem, Derbez era o candidato preferido dos EUA, mas não tinha o apoio de vários países sul-americanos, como Chile, Venezuela e Brasil. Na primeira eleição, em 11 de abril, os candidatos empataram em cinco votos, levando a um impasse.
- Rice apoiou um consenso e, portanto, o candidato dos EUA agora sou eu - explicou o ministro chileno, alinhado com a centro-esquerda.
- Aos EUA não incomoda nada a presença de Insulza na OEA. É um homem que pode ser uma ponte com outros governos de esquerda - avaliou o cientista político Guillermo Holzmann.
Segundo Barco, a atitude teve o objetivo de ''alcançar o consenso hemisférico''.
- Estamos convencidos de que, com esta decisão de unidade, será celebrada a eleição de Insulza como secretário-geral na eleição de segunda-feira - estimou Barco, durante a III Conferência da Comunidade das Democracias, que ocorre em Santiago.
Insulza, após agradecer ''o gesto generoso'' de Derbez - em quem deu um apertado abraço - defendeu um papel mais ativo do Conselho Permanente da OEA e, citando a Carta Democrática, se comprometeu a trabalhar para fortalecer a democracia nas Américas.
- Governos eleitos que não governam democraticamente devem responder perante a OEA - avisou o ex-assessor de Salvador Allende.
Na segunda-feira, em Washington, o chileno deve ser proclamado, por consenso, o secretário-geral da organismo para os próximos cinco anos, a não ser que algum país discorde. Nesse caso, haveria uma nova votação, embora não haja outro candidato.
O ministro contou que a desistência de Derbez ocorreu após uma conversa, na qual chegaram à conclusão de que eram mais importantes os pontos de acordo do que as discrepâncias entre suas candidaturas. Umas das prioridades é chegar a um acordo para o fim da guerrilha colombiana.
- Acho que o consenso foi possível graças ao esforço que um conjunto de países fez - acrescentou Insulza, destacando o apoio ''dos amigos da América do Sul'' e ''muito especialmente'' dos países do Caribe.