O Estado de S. Paulo, n. 46614, 02/06/2021. Economia & Negócios, p. B5

Orçamento pode ser desbloqueado, afirma Guedes

Fabrício de Castro
Lorenna Rodrigues
Luci Ribeiro


O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou ontem, em uma audiência na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, que havendo aumento do Produto Interno Bruto (PIB) acima do inicialmente projetado, o governo promoverá naturalmente o desbloqueio de verbas do Orçamento deste ano.

Guedes afirmou ainda, ao tratar da economia de modo geral, que a pandemia “derrubou o Brasil”, que estava “começando a crescer”. Ele também citou a política econômica dos governos anteriores. Segundo ele, a “nova matriz econômica”, colocada em prática no governo da presidente Dilma Rousseff (PT), gerou recessão no País. Aos deputados da comissão parlamentar, Guedes disse que o bloqueio inicial da Educação é de R$ 2,5 bilhões. No entanto, R$ 900 milhões já estariam em processo de desbloqueio.

O ministro também negou que tenha prometido zerar o déficit primário ainda no primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro, em 2019. “Nunca prometi zerar o déficit. Eu dizia que nós queríamos zerar”, disse. “Tenho meta, não promessa. A meta era zerar o déficit”, afirmou. Com a pandemia, porém, o governo foi forçado a elevar os gastos, o que ampliou o rombo fiscal.

Ao mesmo tempo, Guedes reconheceu a importância do auxílio emergencial pago pelo governo durante a pandemia do novo coronavírus. De acordo com o ministro, é “evidente” que o benefício “ajudou a economia a voltar, a cair menos (em 2020)”.

O ministro também fez uma avaliação da escalada mais recente da inflação no Brasil. Para ele, os preços dos alimentos – um dos fatores de pressão sobre o IPCA – começaram a subir no País por uma “dupla coincidência”: a busca maior por produtos no exterior e o pagamento de auxílio emergencial no Brasil. Estes dois fatores teriam impulsionado os índices.

Guedes disse que a alta do PIB sinaliza um crescimento bastante forte da economia neste ano. “O avanço da vacinação e dos protocolos protege a economia. É possível que estejamos crescendo a taxas bem maiores. A arrecadação tem vindo forte”, afirmou Guedes.

Ministério. Em nota, o Ministério da Economia afirmou que a recuperação da economia brasileira, quando comparada às outras retomadas desde 1980, tem se destacado, com a atividade corrente aproximando-se da tendência do PIB anterior à recessão, “algo que é raro na história recente brasileira”. “A atividade econômica, a despeito do fim dos programas emergenciais do governo federal em dezembro de 2020, e do recrudescimento da pandemia no começo de 2021, permaneceu em trajetória de elevação nos primeiros meses do ano”, informou a nota. “Em resumo, a retirada dos estímulos governamentais temporários, tal como defendido por esta SPE (Secretaria de Política Econômica), não teve impactos significativos sobre a atividade no primeiro trimestre do ano.”

A pasta disse ainda que “o governo federal cumpriu com sua determinação de encerrar todos os programas emergenciais, sem exceção, em 31 de dezembro de 2020”. “Contrariando diversos agentes econômicos que esperavam prorrogação dos auxílios indefinidamente, esses só retornaram em abril após clara piora da pandemia. Cabe salientar que o teto de gastos tem sido mantido pelo governo federal mesmo num cenário de forte estresse fiscal.”

Segundo o ministério, os indicadores de mais alta frequência, diários e mensais, apontam que a atividade continua se recuperando no início deste ano e que os resultados mais recentes têm levado os especialistas a revisarem suas projeções para 2021.

Reformas. Na nota, o ministério ressalta que a recuperação da economia só será possível com a “retomada da agenda de reformas e consolidação fiscal”. “A reforma tributária, reforma administrativa, o PL de modernização do setor elétrico, as debêntures de infraestrutura, o PL de concessões e parcerias público-privadas, o PL Cambial, o novo marco de Ferrovias, e a Nova Lei de Cabotagem são exemplos de reformas necessárias ao país, que estão em discussão no Congresso Nacional e poderão atuar na simplificação tributária, na desregulamentação e na redução de custos, com o objetivo primordial de aumento da produtividade, tão necessário ao país neste momento”, citou ministério.

Avaliação

“O avanço da vacinação e dos protocolos protege a economia. É possível que estejamos crescendo a taxas bem maiores.”

“Nunca prometi zerar o déficit. Eu dizia que nós queríamos zerar.”

Paulo Guedes

Ministro da Economia