O Estado de São Paulo, n. 46751, 17/10/2021. Economia&Negócios p.B1

 

Brasileiro nunca investiu tanto lá fora

Busca por opção fora do País cresceu 44%

Fernanda Guimarães


O dinheiro dos brasileiros está migrando cada vez mais para o exterior. Antes, o investimento além das fronteiras se resumia a compras de moeda, de ações listadas fora do País ou de uma casa em Miami, mas esse portfólio se sofisticou.

Entre os fatores que pesam nesse movimento estão a trajetória de queda dos juros (interrompida neste ano) e a recente instabilidade política. Segundo o Banco Central, o total de investimentos financeiros fora do País somou US$ 61,6 bilhões em agosto, um aumento de 44% em relação ao fim de 2020. Nem o dólar valorizado esfriou essa procura por segurança.

"Investir no exterior deixou, há muito tempo, de ser uma proteção cambial. É uma diversificação", diz o responsável pela área de gestão de fortunas do BTG Pactual, Rogério Pessoa. Segundo ele, apesar de o mercado brasileiro estar a cada dia mais sofisticado, os EUA oferecem um leque de produtos muito maior. Hoje, o banco recomenda aos clientes muito ricos – com mais de R$ 10 milhões para investir – uma alocação de 30% no exterior. A média para esse público, atualmente, está entre 15% e 20%.

Embora momentos turbulentos, como o da crise política, incentivem as pessoas a olhar para fora, o executivo do BTG diz que investimento sempre requer calma. "O importante, no fim do dia, é ter um portfólio balanceado."