Título: Secretários criticam governo federal
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Fonte: Jornal do Brasil, 29/04/2005, Rio, p. A18

Itagiba e Saulo de Castro cobram verba para segurança

Os secretários de Segurança Pública do Rio e de São Paulo criticaram ontem, durante o 17º Forum de Debates Projeto Brasil, no Hotel Paulista Plaza, na capital paulista, o tratamento que o governo federal vem dando à questão da segurança nos estados. Marcelo Irtagiba, e Saulo de Castro Abreu, secretário de São Paulo, dividiram o microfone para manifestar preocupação com temas como o repasse de recursos federais e a crescente favelização das grandes cidades. - Os estados estão fazendo a sua parte, mas é preciso que todos aqueles que têm co-responsabilidade pela garantia da ordem pública participem efetivamente do combate à violência - afirmou Marcelo Itagiba.

- O governo federal não dá prioridade à segurança pública, conforme demonstra a insuficiência das verbas repassadas aos estados - complementou Saulo de Castro.

Marcelo Itagiba e Saulo de Castro, contudo, elogiaram o trabalho desenvolvido pelo ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, e a sua iniciativa de tentar evitar o contingenciamento de 58% (R$ 242,9 milhões) dos R$ 412,9 milhões do orçamento deste ano do Fundo Nacional de Segurança Pública, por meio do qual a União repassa verbas para os estados.

- Nos dois últimos anos, a polícia do Rio prendeu mais de 45 mil bandidos e apreendeu 30 mil armas nas mãos de criminosos, o que mostra a prioridade dada pelo governo do estado ao combate à criminalidade - disse Itagiba.

Segundo o secretário do Rio, ''a violência é um problema comum às grandes metrópoles do país e exige a participação de todos, com a ultrapassagem de toda e qualquer barreira política ou partidária que possa existir.''

Saulo afirmou que o que restou da verba para todo o país, com o contingenciamento de 58% do orçamento, é inferior ao que será investido em segurança pública somente pelo Governo do Estado de São Paulo.

Itagiba e Saulo também defenderam a posição de que às polícias não cabe resolver problemas de segurança gerados por graves mazelas sociais. Os dois secretários criticaram o processo de favelização das capitais do Rio e de São Paulo e a falta de crescimento econômico no país.

- Hoje há 2.300 favelas na capital de São Paulo - afirmou Saulo.

De acordo com Itagiba, ''a projeção para o Rio é de que, em 2010, 21% da população estarão vivendo em favelas''.