Título: Rede complexa envolve empresários
Autor: Guilherme Queiroz
Fonte: Jornal do Brasil, 29/04/2005, Brasília, p. D1

As investigações da polícia revelaram uma rede complexa de fraudes e crimes contra a ordem tributária. Empresários de renome, e de vários setores, estariam pagando propinas aos auditores fiscais, contadores e advogados para se livrarem de multas e impostos devidos à Secretaria de Fazenda. Em apenas uma fraude registrada pela inteligência da Polícia Civil, foi constatado um golpe de R$ 13 milhões nos cofres públicos. Segundo o diretor do Departamento de Atividades Especiais da Polícia Civil, delegado Celso Ferro, o esquema funcionava por meio de extorsão a empresários endividados com a Receita do DF. Ao fazerem a fiscalização das contas das empresas, por exemplo, os auditores cobravam valores entre 10% e 20% sobre o valor das multas ou impostos devidos em troca de não autuá-los. Os valores eram distribuídos entre os 13 integrantes da quadrilha.

- O grupo funcionava de forma perfeitamente integrada em uma estrutura voltada especificamente para extorquir empresários. Era uma assessoria criminosa - acrescenta o diretor-geral da Polícia Civil, Laerte Bessa.

O diretor afirma que a polícia ainda vai apurar que ''serviços'' eram prestados pelos dez escritórios de contabilidade devassados ontem e pelos advogados envolvidos na fraude. Não descarta, entretanto, a hipótese de que faziam a lavagem do dinheiro desviado. Quanto à participação do presidente do Tribunal Administrativo de Recursos Fiscais, Jaime Pereira Sardinha, e do corregedor-substituto de Fazenda, Geraldo Eudóxio Cândido de Lima, era fazer uso de seus cargos para manipular ações tributárias dentro da Secretaria de Fazenda.

- Ambos exerciam uma forte influência sobre outras autoridades do governo para que as ações fossem conduzidas a seu gosto - explica Bessa.

Embora as investigações tenham constatado fraudes nos últimos seis meses, a polícia estima que a quadrilha vinha atuando há pelo menos dois anos. O secretário de Fazenda, Valdivino Oliveira, afirma que sua equipe fará um levantamento sobre todas as auditorias executadas pela quadrilha no período para avaliar os prejuízos. A análise será feita, segundo o secretário, nos próximos 30 dias.

- Vamos levantar todas as autuações feitas às empresas para fazer correções a eventuais danos e para repor prejuízos ao tesouro do DF - explica Oliveira.

As 13 pessoas foram transferidas, ontem à tarde para a carceragem da Delegacia de Polícia Especializada, no Parque da Cidade. Eles responderão por crime contra a ordem tributária (2 a 8 anos), extorsão (4 a 10 anos) e corrupção ativa e passiva (2 a 12 anos).