Título: Indústria náutica na onda exportadora
Autor: Rafael Rosas
Fonte: Jornal do Brasil, 29/04/2005, Economia & Negócios, p. A26

Maior feira do setor no Rio deve movimentar US$ 45 milhões. Certificação de barcos permitirá abertura de mercados externos

Com expectativa de movimentar até US$ 45 milhões em negócios, começa hoje, na Marina da Glória, o Rio Boat Show, maior feira náutica da América Latina.

Para incentivar as vendas de embarcações, os estaleiros terão estandes na beira da Baía da Guanabara, onde os clientes poderão realizar test drives em lanchas e veleiros.

Embora não faça projeção de valores, Ivan Gogolevsky, diretor do evento pelo segundo ano consecutivo, afirma que a expectativa é de boas vendas para o mercado externo. O Brasil começou a exportar embarcações de lazer em 2003 e no ano passado a receita atingiu US$ 10 milhões.

- O Rio de Janeiro é uma bela vitrine para atrair compradores estrangeiros - garante Gogolevsky.

Um dos atrativos para as exportações está em um pequeno selo lançado este ano pela Associação Brasileira dos Construtores de Barcos e seus Implementos (Acobar), que garante a adequação das lanchas e veleiros às normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

Até o momento, três estaleiros - Pro Boat, de Angra dos Reis; Real Power Boats, de Queimados; e Colunna, de São Paulo - possuem modelos que recebem a certificação técnica da Acobar.

- O selo garante que a embarcação foi construída dentro de normas rigorosas de segurança que seguem pelo menos 70% das exigências dos mercados dos Estados Unidos e Europa, principais compradores potenciais dos barcos brasileiros - diz Lenílson Bezerra, diretor-executivo da Acobar.

Bezerra afirma ainda que o Rio Boat Show será usado como plataforma de divulgação do certificado da Acobar, à prova de falsificação e clonagem. Para este ano, a associação espera superar o resultado obtido com as exportações no ano passado.

O secretário de Energia, Indústrial Naval e Petróleo, Wagner Victer, afirma que o país tem capacidade de atingir receitas de US$ 100 milhões por ano com as vendas de barcos para lazer, embora não projete um prazo para alcançar este patamar.

Para tentar aumentar a capacidade de concorrência dos estaleiros nacionais, Victer e representantes do setor vão se reunir no sábado, às 12h, na Marina da Glória, com representantes do governo para discutir o uso do Fundo de Marinha Mercante para apoiar a produção de barcos de lazer destinados à exportação.

- O uso do fundo para o setor de embarcações de lazer pode gerar até 2 mil empregos diretos, principalmente no Rio de Janeiro, que conta com áreas como a da Marina Verolme, em Angra dos Reis, que abriga quatro estaleiros, emprega mais de mil pessoas e já exporta barcos - afirma o secretário.

O Rio Boat Show acontece até o dia 8 de maio e a organização espera receber até 60 mil visitantes, que pagam R$ 15 pela entrada e passam a concorrer automaticamente a um pequeno barco a vela.