Título: CNBB contesta salário-mínimo
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 02/05/2005, País, p. A2

Na comemoração do Dia do Trabalho na capital baiana, o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Geraldo Majella Agnelo, não mostrou satisfação sobre o novo salário mínimo. Para o cardeal-arcebispo de Salvador, os governos e preocupam mais com outros problemas do que com a renda dos pobres. Ele questionou ainda se o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, sobreviveria com R$ 300 por mês.

Dom Geraldo não foi menos incisivo ao comentar o discurso do presidente Lula sobre os acertos no governo. Os méritos, para o presidente da CNBB, estão no geral na economia, mas com detrimento ao trabalhador e à geração de empregos. Não há dúvidas, complementou, que alguma coisa Lula tem feito, mas está muito longe das necessidades, das expectativas da nossa gente, pois miséria e fome ainda existem muito.

As críticas à política econômica do governo Lula ganharam destaque na mensagem para o 1º de maio assinada pelo cardeal-arcebispo de Salvador.

''Temos consciência que o desemprego e o subemprego persistem como uma das chagas mais vivas em todo território nacional. O processo de flexibilização das leis trabalhistas e de terceirização, o qual quando realizado à revelia das legítimas organizações trabalhistas, corre sério risco de tornar ainda mais precárias as condições de trabalho'', escreveu.

Dentro dessa perspectiva de análise do presidente da CNBB, a democracia não estaria se realizando de fato. ''Quando o sistema econômico exclui parcelas da população dos meios necessários a uma vida digna: acesso ao trabalho com justa remuneração, à moradia, à terra, à educação, à organização sindical, à participação dos lucros e na gestão da empresa, não há democracia'', enfatizou.