Título: Divisão sindical pelo mínimo
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 02/05/2005, País, p. A3

Nas festas do 1º de maio, enquanto Força Sindical faz críticas ao novo salário-mínimo de R$ 300, CUT elogia e pede reeleição de Lula

SÃO PAULO - Nos eventos que segundo a Polícia Militar reuniram na capital paulista mais de 1 milhão de pessoas para comemorar o Dia do Trabalho, as duas principais centrais sindicais do país se dividiram quanto a condução do governo Lula, sobretudo na questão do novo salário mínimo, que subiu de R$ 260 para R$ 300 ontem. Enquanto o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, aproveitou a festa promovida pela entidade para promover críticas contra o novo mínimo, o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Luiz Marinho, classificou o aumento como ''vitória''.

Os discursos apresentados na festa da CUT, que ocorreu na avenida Paulista, foram bastante diferentes. Apesar de amargarem a ausência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do arcebispo de São Paulo, dom Cláudio Hummes, os políticos, em sua maioria do PT, foram a favor do governo e tentaram justificar as medidas impopulares da equipe econômica.

Em discurso, Marinho reconheceu a insuficiência do novo salário mínimo, mas afirmou tratar-se de uma vitória para os trabalhadores brasileiros.

- Considero este salário um pouco melhor que o previsto. A proposta do Ministério da Fazenda era de R$ 284. O novo valor é um primeiro passo na recuperação do mínimo.

Marinho defendeu também a reforma sindical proposta pela União e fez um apelo a quase um milhão de pessoas que estiveram na festa, pedindo que votem em Lula no ano que vem para garantir que as propostas sejam levadas adiante. Esse foi o tema que a CUT escolheu para encerrar as comemoração do 1º de maio na avenida Paulista.

Na Zona Norte da cidade, na praça Campo de Bagatelle, o presidente da Força Sindical, Paulinho, atacou duramente a condução do governo federal:

- Lula saiu do meio sindical e hoje só temos a lamentar a política econômica, o aumento do salário-mínimo, a situação do desemprego que aumenta e do salário, que está em baixa. É uma vergonha isso ocorrer no mandato de um presidente sindicalista. Faço isso com dor no coração, pois apoiei ele no segundo turno das eleições de 2002 - disse Paulinho, presidente da Força Sindical.

No palco da Força, o tom dos discursos foi monocórdio. Políticos, sindicalistas e patrões foram unânimes na defesa de juros mais baixos, carga tributária menor e mais vagas no mercado de trabalho.

Na festa da CUT, o ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini, por sua vez, usou a comparação com o governo de Fernando Henrique Cardoso para defender a reeleição, apesar de o governo federal insistir em dizer que não quer antecipar o processo eleitoral de 2006:

- Se o povo brasileiro julgar que esse governo está com uma política trabalhista e econômica melhor do que o anterior, com certeza vai dar mais um mandato ao presidente. Se der, vamos avançar, ter mais tempo para alcançar um salário-mínimo melhor, mais emprego e assegurar que o Brasil possa continuar crescendo.

Já o ministro da Casa Civil, José Dirceu, afirmou em seu discurso que o Dia Internacional do Trabalho é uma data de memória e indiretamente pediu apoio à reeleição petista.

- É o momento de fazer um balanço e lutar, porque o trabalhador ainda tem um longo caminho a percorrer.