Título: Representante do MEC critica UFRJ
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 02/05/2005, Rio, p. A13

William Campos cobra rapidez em medidas contra insegurança no campus da Ilha do Fundão

O representante do Ministério da Educação no Rio de Janeiro, William Campos, criticou a demora na implantação do plano de segurança da UFRJ, anunciado oficialmente há dois anos, e previsto para ser implantado em junho. Ele também afirmou ser favorável à instalação de um posto avançado da Polícia Federal, por considerar o campus um latifúndio extremamente perigoso. - Sinto-me envergonhado de visitar o campus porque a UFRJ está abandonada. É preciso ter mais inteligência para administrar aquele latifúndio quase improdutivo, cheio de mato, mal iluminado, mal policiado. A presença da PF inibiria a ousadia dos ladrões - diz.

O anúncio das medidas de segurança não surpreendeu o representante do Ministério da Educação. Segundo ele, o reitor Aluísio Teixeira decidiu agir somente depois de ter sido vítima da violência que amedronta alunos e funcionários da UFRJ. Em abril de 2004, Aluísio Teixeira foi cercado, rendido e teve o carro roubado no estacionamento do prédio da reitoria.

- Não adianta ser apenas uma referência acadêmica. As pessoas têm que freqüentar uma universidade pública a qualquer hora do dia ou da noite - critica.

A instalação de um posto avançado da Polícia Federal chegou a ser anunciada em abril de 2003. Funcionaria com um delegado, um escrevente e três agentes, para registrar e investigar os crimes contra o patrimônio da União e aumentar a segurança da área. Na mesma época, o policiamento seria reforçado com operações de revista diárias da Polícia Militar, interligadas por rádio aos vigilantes federais que trabalham na UFRJ, além da implantação de polígonos de segurança. As idéias nunca saíram do papel e foram descartadas ano passado pelo atual reitor e pela vice-reitora e coordenadora da Comissão de Segurança da universidade, Sílvia Vargas.

Ex-secretário de Educação do Governo Benedita da Silva, William Campos diz que o campus da UFRJ deveria ser bem iluminado e policiado, para ter mais atividades culturais e cursos noturnos regulares. Ele cita a Universidade Federal Fluminense (UFF), a Uni-Rio e o Instituto Benjamin Constant (IBC) como órgãos federais bem administrados, que zelam pelo espaço público.

- A área desocupada é maior do que a ocupada no Fundão, onde até cadáveres são encontrados, ou seja, é local de desova. Na Urca, o Instituto Benjamin Constant (IBC) fechou uma parceria com a General Eletric e resolveu a questão da iluminação - critica.

Professor de economia, Aluísio Teixeira afirmou que considera as críticas de William Campos como se fossem a opinião do ministro da Educação, Tarso Genro.

- Não vou promover um debate através da imprensa sobre esse assunto. Vou tratar diretamente com o ministro - avisou.

Aluísio Teixeira se mostrou surpreso com as críticas mas evitou comentários.

- Sou servidor público e obedeço a normas. Sou naturalmente obrigado a preservar a hierarquia, por isso não me cabe comentar o que o representante do MEC afirmou - disse.

Segundo o reitor, a relação da UFRJ com o MEC pode ser classificada como ''fraternal''.

De acordo com o relatório mensal da Diseg, no mês de março deste ano, dois cadáveres foram encontrados nas dependências da Cidade Universitária e 11 carros foram furtados e roubados. Em 18 de abril, uma residente foi agredida, assaltada e teve o carro roubado à luz do dia no estacionamento do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG). Os constantes assaltos no espaço provocaram reação imediata de médicos, residentes e funcionários do instituto, que entregaram, sexta-feira, uma carta-manifesto ao reitor, com cópia para o diretor da unidade, Antônio Lêdo. (R.A.)