Título: Colômbia: crise se acirra
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 03/05/2005, Internacional, p. A7

Guerra civil mata 11 por dia e desabriga 689

BOGOTÁ - Por dia, 11 pessoas morreram e outras 689 foram obrigadas a abandonar suas casas nos primeiros três meses desse ano devido ao conflito armado que há quatro décadas abala a Colômbia, revelou um relatório divulgado ontem pela Consultoria para os Direitos Humanos e as Expulsões (Codhes).

Segundo o informe, a maioria das pessoas obrigadas a deixar suas casas vem de regiões controladas por esquadrões paramilitares de extrema direita e de áreas onde o Exército implementa o ''Plano Patriota'' - a segunda fase do ''Plano Colômbia'' -, a maior ofensiva já lançada contra os grupos guerrilheiros de esquerda na história recente do país.

- A expulsão das pessoas continua a ser o calcanhar de Aquiles de uma política de segurança pública que não é dirigida a todos, porque não representa qualquer alívio para os milhares de humildes que vivem em zonas rurais e nas pequenas cidades - disse Jorge Rojas, presidente da Codhes.

Rojas afirmou que muitos agricultores foram ''desterrados e desenraizados por culpa do Estado, que não pôde ou não quis protegê-los, ou, o que é pior, contribuiu para expulsá-los com suas políticas de guerra''.

Segundo o relatório, 61.996 pessoas abandonaram suas casas entre janeiro e março de 2005, cifra 10% maior se comparada com o número registrado no mesmo período do ano passado: 56.672.

De acordo com as Nações Unidas, o drama dos refugiados internos da Colômbia é o terceiro mais grave do mundo, depois do Sudão e do Congo.

O estudo da organização não-governamental aponta que ao menos 363 cidades dos 32 Departamentos da Colômbia - país com 44 milhões de habitantes - receberam refugiados, em sua maioria mulheres e crianças.

Centenas de colombianos também buscaram abrigo em países vizinhos, como o Equador, a Venezuela e o Panamá.

O Codhes afirmou ainda que das 1.037 pessoas mortas nos conflitos, no primeiro trimestre deste ano, 180 pertenciam às Forças Armadas, 713 eram membros da guerrilha ou dos grupos paramilitares, e 144 eram civis.