Título: Problema também atinge os jovens
Autor: Claudia Bojunga
Fonte: Jornal do Brasil, 03/05/2005, Saúde & Ciência, p. A12

Segundo especialista, as mulheres sofrem de quatro a cinco vezes mais o mal do que os homens

A incontinência urinária é mais comum do que se imagina. De acordo com o IBGE, 8% da população brasileira têm o problema. Mas, ao contrário do que muita gente pensa, a incapacidade de retenção da urina não atinge apenas idosos. A prevalência do problema em mulheres entre 30 e 60 anos é, em média, de 25%. O sexo feminino é o que mais sofre com essa disfunção depreciadora da qualidade de vida do paciente.

- As mulheres têm de quatro a cinco vezes mais o problema do que os homens. Cerca de um quarto da população mundial feminina tem incontinência urinária - afirma o uroginecologista e chefe do departamento de ginecologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), Manoel Girão.

Para os homens a principal causa da falta de controle da urina são as seqüelas de cirurgias na próstata. Já nas mulheres, o primeiro fator é o parto vaginal, que pode causar uma lesão no músculo da pélvis. E quanto mais partos são realizados, mais o mal é freqüente.

A segunda causa entre as mulheres vem com a idade, a menopausa. Nesse momento, ocorre uma queda brusca na produção do hormônio estrogênio, responsável, por exemplo, pela espessura da mucosa vaginal, que ajuda a reter a urina.

- Nas pessoas mais velhas também ocorre um processo de degeneração muscular, o que prejudica a capacidade de contrair a bexiga e segurar a urina - acrescenta o médico Alvaro Fragélio, ligado a uma empresa farmacêutica.

A incontinência urinária pode ser dividida em dois tipos: a incontinência de esforço e bexiga hiperativa. O primeiro, e mais comum, se dá em um momento repentino de pressão intra-abdominal - como tossir, rir, espirrar ou durante a prática de exercícios físicos. No segundo tipo, a bexiga se contrai quando é para estar relaxada o que ocasiona a perda de urina.

- Esse problema é mais comum em pacientes idosas. - conta Girão.

De acordo com o médico, a obesidade pode ser um fator da incontinência urinária:

- Porque a gordura aumenta a dificuldade da bexiga ficar na posição correta - explica Fragélio. - Outro fator, é o fumo - completa.

Para Girão, há também o componente genético que define a composição do tecido muscular de cada um, fundamental para a retenção da urina.

De acordo com uroginecologista Raquel Figueiredo, responsável pelo Núcleo de Assoalho Pélvico do Hospital do Servidor Público Estadual, de São Paulo, na maioria dos casos de incontinência urinária é possível resolver o problema.

- Há três tipos de tratamento: o medicamentoso, o fisioterapêutico, e o cirúrgico - informa a especialista. - É importante ressaltar que há mais de duzentas técnicas cirúrgicas e atualmente há uma busca constante pela mais adequada. - acrescenta.

Nos casos irreversíveis,por exemplo, quando a incontinência é ocasionada por derrame cerebral ou por trauma na coluna, a melhor opção é usar fraldas descartáveis para adultos.

Raquel Figueiredo observou que o uso de fraldas é mais necessário em homens.

- Para as mulheres, muitas vezes, apenas o absorvente já é o suficiente - afirma.