Título: UnB mede nível de estresse ocupacional
Autor: Lorenna Rodrigues
Fonte: Jornal do Brasil, 01/05/2005, Brasília, p. D3

Mau relacionamento com chefes, falta de autonomia e de perspectiva de crescimento na empresa, competição entre colegas, sensação de isolamento, sobrecarga de trabalho. Essas são as principais causas do estresse ocupacional, segundo a psicóloga Tatiane Paschoal. Para medir o nível de estresse nas organizações, a pesquisadora da UnB criou um questionário especial para esse tipo de avaliação. - Existem poucos instrumentos disponíveis para medir o estresse ocupacional . A maioria visa medir o estresse geral, ou constitui instrumento criado em outros países, que não se aplicam à realidade brasileira - disse.

O questionário criado por Tatiane é composto por 23 perguntas que medem o nível de estresse na organização numa escala de 1 a 5. Para testar o instrumento, a psicóloga avaliou o nível de estresse em 437 trabalhadores da áreas de administração e gerenciamento em empresas públicas e privadas, em São Paulo e Distrito Federal. De acordo com Tatiane, a média foi a mesma em empresas públicas e privadas.

- A média foi exatamente 2,5. É um número bom, mas houve funcionários cuja média alcançou até 4,7, o que é preocupante - afirmou.

Segundo Tatiane, o estresse ocupacional é uma das principais causas de problemas como faltas, rotatividade e afastamentos e problemas psicológicos como depressão.

A psicóloga dá dicas para que o estresse ocupacional seja evitado.

- É necessário que as empresas tomem providências que atinjam todos os funcionários, como criar programas de integração entre eles, promover atividades de lazer, distribuir responsabilidades e manter os funcionários cientes do planos da empresa para ele e de suas possibilidade de crescimento - diz.

Segundo a psicóloga, os funcionários individualmente pode colaborar para que o ambiente de trabalho não seja estressante.

- Praticar atividades esportivas, encontrar periodicamente os colegas fora do ambiente de trabalho, deixar os problemas pessoais em casa e, principalmente, manter um bom relacionamento com superiores e subordinados ajudam a diminuir a pressão no trabalho - aponta.

Programas -Várias empresas promovem iniciativas de integração entre os funcionários, como confraternizações e programas de lazer e esporte. Na empresa de informática CTIS, por exemplo, semestralmente é promovido um programa de integração entre empregados de cada segmento.

- Cerca de 200 funcionários vão para uma mansão onde passam o dia participando de gincanas e atividades de lazer - conta a analista de RH, Janine Bastos.

Segundo Janine, desde que o programa de confraternização foi criado, as faltas e afastamentos dos funcionários diminuíram.

- Os funcionários pedem para tomarmos mais iniciativas como essa, mas o ônus financeiro é muito grande - explica Janine.

Na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, o foco é na atividade física. Além de programas de incentivo à pratica esportiva e cultural, os Correios promovem, em agências de todo o Brasil, a Ginástica Laboral. Durante 15 minutos, uma vez por dia, um profissional de educação física conduz exercícios de alongamento.

- É uma forma de integrar e relaxar os funcionários. As pessoas dançam, conversam, interagem. Pelo menos por 15 minutos, elas esquecem das pressões do dia-a-dia - conta o médico do trabalho dos Correios, Ênio Rafaelli.