Título: A influência árabe sobre os latinos
Autor: Danyella Proença
Fonte: Jornal do Brasil, 03/05/2005, Brasília, p. D6

A exposição fotográfica Amrik, aberta hoje no CCBB, integra a agenda cultural da 1ª Cúpula América do Sul-Países Árabes

Amrik. Era assim que os primeiros imigrantes árabes a cruzarem o oceano em busca de uma nova vida chamavam a América. Para mostrar como os traços culturais desse povo estão presentes no cotidiano dos latinos, o Itamaraty idealizou a exposição Amrik - Presença Árabe na América do Sul, aberta à visitação a partir de hoje, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). A mostra foi pensada para integrar a agenda cultural da 1ª Cúpula América do Sul - Países Árabes, que trará a Brasília 33 chefes de Estado entre os dias 8 e 12 deste mês. A exposição traz 140 fotografias que remontam a história da presença árabe, tanto no Brasil quanto em outros países da América do Sul. Os vestígios estão nos mais diversos aspectos: palavras utilizadas todos os dias, a arquitetura, o gosto pelas águas e pela cavalaria, a hospitalidade e a já conhecida culinária. A influência árabe na América do Sul é antiga e vem desde os tempos da colonização, quando Espanha e Portugal trouxeram elementos que já haviam sido assimilados na Europa.

Para envolver o público, a entrada da exposição traz elementos que fazem parte do cotidiano e que muitas vezes têm sua origem desconhecida. Palavras árabes como algodão, álcool e cenoura foram pintadas no chão, tanto em português quanto em castelhano. Instrumentos musicais como o pandeiro e até o tão brasileiro café também são mencionados, para dar a dimensão da presença árabe.

As imagens expostas foram captadas especialmente para a mostra e são resultado do trabalho de 23 fotógrafos de dez países da América do Sul. As únicas que não são inéditas são as que remontam a trajetória de imigrantes, cedidas por instituições culturais ou mesmo por famílias que compartilharam lembranças e o álbum de fotografias. O curador André Vilaron conta que a liberdade de criação foi grande, tanto que a mostra traz fotografias de diferentes tamanhos, ora em cores, ora em preto e branco, digitais ou em filme. A única regra era que os ensaios produzidos por cada autor mantivessem o caráter informativo:

- Os fotógrafos trabalharam muito a parte da pesquisa, tanto por meio de leituras quanto pelo contato com famílias e instituições ligadas à cultura árabe. O tema é muito complexo. Conversamos muito o tempo todo e a orientação foi no sentido de que trouxessem imagens visualmente representativas, mas que tivessem força também sob o ponto de vista educativo - destaca Vilaron.

O Brasil está representado pelo olhar de sete fotógrafos, entre eles Marcelo Buainain, que tem descendência de libaneses. Em seu trabalho, Buainain retratou danças folclóricas típicas. Já o argentino Pablo Garber criou mosaicos a partir de temas como a dança e a caligrafia árabe, seguindo uma simetria que remete à arquitetura da região. Para o curador André Vilaron, a presença árabe renderia outros infinitos olhares, tão forte á sua relação com as culturas da América do Sul:

- Eles souberam se integrar muito bem e ao mesmo tempo manter as raízes. Em vez de se isolarem, difundiram diversos costumes que adotamos como nossos. Hoje, em qualquer esquina do Brasil, você consegue comer um quibe - diz.

Serviço

Amrik - Presença Árabe na América do Sul. Exposição com 140 fotografias. De hoje a 26 de junho, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). Visitação: de terça a domingo, das 12h ás 21h.