Título: Casa Branca faz ameaça a Chávez
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Fonte: Jornal do Brasil, 04/05/2005, Internacional, p. A9

EUA continuam ofensiva contra presidente venezuelano

WASHINGTON - A secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, bem que tentou projetar um panorama otimista de uma América Latina unida e democrática, deixando de lado, como em sua visita recente, Cuba e Venezuela. Durante seu discurso na conferência anual do Conselho das Américas no Departamento de Estado, em Washington, Rice foi cuidadosa. Coube ao subsecretário de Estado para a América Latina, Roger Noriega, elevar o tom das críticas especialmente em direção ao regime venezuelano.

- Em apenas 25 anos, a América Latina escapou do que muitos pensavam ser uma realidade inevitável, tirando do poder ditadores, assassinos e ladrões e criando democracias comprometidas com a liberdade econômica - afirmou Rice, que recentemente esteve no Brasil, Colômbia, Chile e El Salvador.

A secretária comparou a transformação democrática latino-americana com o que ocorre na Geórgia, Ucrânia, Quirguistão, Afeganistão, Iraque, Líbano e nos territórios palestinos, ''onde o desejo do povo pela liberdade está redefinindo o que muitos pensaram possível''.

- A divisão real nas Américas hoje não é entre governos de direita e esquerda. É entre aqueles eleitos e que governam democraticamente e aqueles que não - emendou, em alusão à Venezuela e Cuba, cuja cadeira na OEA, hoje vazia, ''um dia será ocupada por um país democrático''.

Coube ao subsecretário Roger Noriega, chefe da diplomacia americana para a região, o ataque mais duro.

- Não devemos permitir e não permitiremos que a agenda pessoal de qualquer líder solitário nos distraia de buscar um programa positivo na região através de alianças produtivas, que construímos com muitos aliados - disse, referindo-se diretamente a Chávez.

No entanto, esclareceu que os EUA ''ainda estão abertos a ter uma relação de trabalho normal com seu governo''.

- Apesar de a região estar, em sua maioria, comprometida com a democracia, em alguns países charlatões antiglobalização e falsos profetas do populismo conseguiram desacreditar líderes políticos responsáveis - advertiu Noriega.

Segundo o subsecretário, os Estados Unidos procuram ajudar os países que tomam a difícil decisão de ajudarem a si mesmos, e isso implica estender o poder político e as oportunidades econômicas a todos, especialmente aos muito pobres.

- Nossa política não é 'dividir e conquistar', mas 'unir e cooperar' - amenizou.