Título: ONU: Roma sugere reforma
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Fonte: Jornal do Brasil, 04/05/2005, Internacional, p. A9

Proposta é contraponto ao pleito brasileiro

NAÇÔES UNIDAS - A Itália apresentou na noite de segunda-feira duas propostas de expansão do Conselho de Segurança da ONU, que dariam mais poder aos grupos regionais na escolha de candidatos e na determinação do tamanho dos mandatos. O objetivo dos planos, no entanto, é servir de contraponto à busca do Brasil, da Alemanha e do Japão por novos assentos permanentes no conselho.

O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, quer que a Assembléia Geral tome uma decisão antes da cúpula da ONU, em setembro. Ele argumenta que a composição do conselho reflete o equilíbrio de poder que existia no final da Segunda Guerra Mundial.

- Não temos, nem vamos ter uma posição defensiva - disse o embaixador italiano na ONU, Marcello Spatafora, sobre o plano de aumentar o conselho. - Mas não queremos uma reforma imposta, pressionada, com calendário ditado.

Atualmente, o Conselho tem cinco membros permanentes com poder de veto - EUA, Rússia, China, Grã-Bretanha e França - e 10 membros eleitos pela assembléia por regiões, para mandatos de dois anos.

As propostas da Itália dariam mais poder aos grupos regionais na escolha dos candidatos rotativos. Uma das sugestões acrescentaria 20 assentos não-permanentes ao conselho.

Os assentos seriam dados a cinco grupos regionais, a partir de critérios próprios de escolha dos candidatos, para um período de dois ou três anos, com possibilidade de reeleição. A segunda sugestão italiana daria aos países mandatos maiores.

Spatafora disse que o objetivo é dar alternativas ao atual modelo, que segue ''um padrão antigo e uma abordagem tradicional''. Dois planos opostos foram apresentados para a expansão do conselho.

Um deles acrescentaria seis novas vagas permanentes para cinco regiões. Japão, Alemanha e Brasil preferem este modelo, que também dá duas vagas a países africanos.

Outro plano, preferido por Itália, México, Canadá e outros países, criaria uma fila para vagas não-permanentes. Mas a proposta, segundo diplomatas, tem pouco apoio.

Se a Alemanha conseguir um vaga permanente, a Itália seria a única nação européia forte sem uma cadeira.