Título: Horror na fila do emprego
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Fonte: Jornal do Brasil, 05/05/2005, Internacional, p. A12
Homem-bomba mata 60 pessoas que tentavam vaga de policial em cidade curda, no Norte
ARBIL - Pelo menos 50 pessoas morreram e até 150 ficaram feridas em um atentado suicida a bomba ao escritório do Partido Democrático do Curdistão na cidade de Arbil, no Norte do Iraque. O ataque teve como alvo um grupo de desempregados que fazia fila num posto que serve como centro de recrutamento e também abriga o Ministério do Interior do governo regional do Norte do Iraque.
A autoria do ataque foi reivindicada pelo grupo militante Exército Ansar al-Sunna. A organização, que teria participação no seqüestro do engenheiro brasileiro João José de Vasconcellos Jr., é responsável por uma dupla explosão contra partidos políticos curdos em Arbil, em 2004, que matou 117 pessoas.
O comunicado do grupo, citado pela Al Jazira, critica o líder político curdo Massoud Barzani e promete novas ações por sua atuação ao lado das forças de ocupação lideradas pelos Estados Unidos. Centros de recrutamento têm sofrido ataques freqüentes de terroristas, por que são a principal opção de trabalho para uma população empobrecida e sem qualificação.
Autoridades curdas dizem que o suicida entrou no edifício fingindo ser um voluntário e se misturou com jovens que buscavam emprego. Quando o local estava cheio, ele detonou os explosivos. Ambulâncias, táxis e picapes foram utilizadas para levar os feridos para o hospital. Vários tinham graves queimaduras. No posto, o chão ficou coberto por uma poça de sangue.
Nos Estados Unidos, uma das principais acusadas no escândalo das torturas contra iraquianos, a soldado Lynndie England, teve seu processo anulado pela Justiça Militar. England, que havia sido fotografada puxando um preso no chão com uma coleira de couro, havia se declarado culpada, mas o juiz militar do caso, coronel James Pohl, não se considerou convencido de que ''ela sabia que suas ações eram erradas naquele momento''. Pohl alterou para inocente a acusação de conspiração para abuso a que a soldado respondia, ao lado do chefe e namorado, sargento Charles Graner Jr. A decisão faz o caso retroceder praticamente à estaca zero.
A reviravolta ocorreu poucos dias depois de Graner, apontado como um dos líderes das torturas, ter afirmado em depoimento à defesa de England de que as fotos nas quais ela aparecia ''foram tiradas depois que ele disse a ela que seriam para um treinamento legítimo dos guardas da prisão''. Quando a soldado se apresentou ao juiz Pohl, disse que sabia que as fotografias estavam sendo tiradas unicamente por brincadeira dos guardas.
O presidente dos EUA, George Bush, terá verba extra de US$ 75,9 bilhões para financiar as operações no Iraque e no Afeganistão, apesar de a oposição à guerra estar em seu nível mais alto nas pesquisas. Um acordo entre a Câmara de Representantes e o Senado dos EUA dará a Bush US$ 1 bilhão de dólares além do que pediu, como parte de uma ajuda extraordinária de despesas que totaliza US$ 82 bilhões.
Apesar da cifra alta, que elevará o déficit fiscal que chegou ao nível recorde de US$ 412 trilhões no ano passado, o pedido do presidente nunca foi posto em dúvida. Os US$ 75,9 bilhões elevarão para mais de US$ 300 bilhões o custo total, para os EUA da invasão do Iraque.
Em março de 2003, o então número dois do Pentágono, Paul Wolfowitz, disse no Congresso que, graças à riqueza petrolífera, o Iraque ''poderia financiar sua própria reconstrução e relativamente rápido''. Essa previsão não se materializou devido ao mau estado das instalações petrolíferas, às sabotagens e à situação de insegurança no país. Ainda assim, isso não se traduziu em grandes debates no Congresso dos EUA sobre o custo da guerra.
A invasão do Iraque é cada vez mais impopular nos EUA. A última pesquisa do instituto Gallup para a rede CNN e o jornal USA Today constatou que 57% dos americanos acham que a guerra não valeu a pena, o triplo da percentagem divulgada logo após a invasão, em março de 2003. Por outro lado, 41% acham o oposto. Esta queda foi registrada apesar de as baixas americanas terem diminuído nos últimos meses.