Título: Secretário em campanha durante rebelião
Autor: Paulo de Tarso Lyra e Luiz Orlando Carneiro
Fonte: Jornal do Brasil, 06/05/2005, Brasil, p. A3

O secretário de Justiça do Estado de São Paulo e presidente da Febem, Alexandre de Moraes, participou pessoalmente da reta final da campanha que o elegeu, ontem, membro do Conselho Nacional de Justiça. Moraes desembarcou em Brasília na manhã de quarta-feira, quase no mesmo momento em que tinha início, em São Paulo, a 13ª rebelião do ano na Febem do Tatuapé.

- Rebeliões não são previsíveis. Tinha uma agenda de trabalho. Estive com o ministro Nelson Jobim (presidente do Supremo Tribunal Federal), no Superior Tribunal de Justiça e também com o ministro da Justiça (Márcio Thomaz Bastos) - justificou Moraes.

O secretário, que é filiado ao PFL, garantiu que sua agenda eleitoral se resumiu aos intervalos dos compromissos oficiais.

- Tive conversas no almoço e à noite na Câmara, sobre o tema eleição para o conselho - esquivou-se o secretário de Justiça.

Foi mais do que isso, entretanto. À tarde, quando o plenário se organizava para votar a cassação do até então deputado André Luiz (sem partido), Moraes circulava pela Câmara, colado ao celular. Visitou líderes do PL, PTB, PSDB e PFL.

Na reta final, o líder pefelista na Câmara, Rodrigo Maia (RJ), foi um dos primeiros a marcar presença no plenário para a votação de ontem - às 8h.

- Ganhamos a eleição - comemorava Maia, anfitrião de Moraes na boca de urna.

Já o Senado deve atrasar a indicação do representante no CNJ porque o jurista escolhido para a vaga da Casa ainda tem de ser sabatinado pela Comissão de Constituição e Justiça. Por acordo dos líderes, foi escolhido o jurista Joaquim Falcão, de Pernambuco, e a indicação dele tem de ser aprovada pela CCJ e depois pelos senadores em plenário.

Além da Câmara, o Tribunal Superior do Trabalho também indicou seus integrantes. Foram escolhidos os juízes trabalhistas Douglas Alencar Rodrigues e Paulo Luiz Schmidt, pelo pleno do TST. O CNJ terá ao todo 15 integrantes, dos quais seis estranhos ao Judiciário: dois representantes da classe dos advogados, dois do Ministério Público e dois cidadãos de ''notável saber jurídico e reputação ilibada'', escolhidos um pelo Senado, o outro pela Câmaras. Hoje, o procurador-geral da República, Claudio Fonteles, anuncia os representantes no Conselho dos dois representantes do Ministério Público (um procurador federal e um promotor estadual).